segunda-feira, abril 30, 2007

Divagações

Olá amigos. Nessa segunda-feira quebrada pelo feriado vou postar uma poesia que escrevi no metrô dia desses e que só agora tive tempo e coragem para digitá-la e colocá-la aqui. è um verdadeiro mix das sensações que experimentei na última semana, provocadas pela meu problema renal, principalmente as fortes dores e o a sensação de dependência que você vive em situações como essa. Eu disse a um amigo hoje: sou tão sensível que qualquer coisa que eu viva acaba por influenciar fortemente a minha cabeça. No caso, a doença e o desespero com a dor foram o mote para mexer minha mente e rememorar as agruras que a proximidade impotente da morte pode fazer com a gente. Aliado a isso, a reflexão sobre a morte que vive me atormentando de tempos em tempos, gerando dificuldades enormes na minha vida. O meu medo da morte ( e não necessariamente de eu morrer) é tão intenso que me trava em alguns momentos e prefiro não pensar. Mas com esse problema todo que tive, não tive outra alternativa senão remoer meus temores e pensar na inevitabilidade da morte em nossas vidas, modificando todo o panorama que traçamos para nossa estrada dos anos.

Para completar de bagunçar tudo, um sonho, que parecia tão real, acabou por aturdir meu emocional e me derrubar em tristeza nos útlimos dias. Eu, já debilitado pela recuperação do rim e do estômago que também "atacou", me vi lamuriando novamente depois de tempos, agora sob a égide de um novo nome, uma nova criatura, um outro coração, uma personalidade, um corpo, uma cor, um cheiro, um jeito, um caráter, todos novos e que eu não consegui deixar passar essa doçura toda (só que com o problema do comprometimento já estabelecido) e me focar nas minhas coisas. A crueldade dessas situações costuma balançar minha alma, já meio baleada com o tempo. Não pedi nada a ninguém.

E ainda vem esse frio que costuma me deixar mais deprimido que o costume, mais suscetível a quedas de minha auto-estima, de meu astral. Que empurra minha confiança a níveis deploráveis, fazendo questionar até minha carreira profissional, que, na minha opinião, é a única coisa que caminha corretamente na minha vida. O dia que eu colocar em cheque, definitivamente, meus propósitos, aí sim a coisa vai ficar feia. Mas enquanto minha tristeza não acha brechas para me derrubar nesse campo, ela ataca, com toda a sua melancolia, o lado mais escuro da minha vida, que eu não consigo resolver e sinto que está sacramentado permanecer do jeito que está até o fim de meus dias. Por que tem que espezinhas essas coisas? Há momentos em que eu relevo tudo e sigo adiante. Mas, em outros instantes, como esses feriados longos e frios, minha alegria desce junto a temperatura.

E o resultado disso tudo é uma poesia um tanto quanto maluca e soturna, mas também repleta de mensagens codificadas, indicando que, no fim das contas, eu faço como o Marcelo Bonfá, ex-baterista da Legião Urbana, escreveu numa canção dele com o Gian Fabra (ex-músico de apoio da Legião nos shows): "Muita coisa que eu digo é apenas para mim". Ou seja, o que eu escrevo nessas poesias diz respeito só a mim e é meio que como uma mensagem de apoio ou compreensão para mim mesmo. Mas claro que, se alguém perguntar alguma coisa do texto, eu respondo. Eu digo que isso ocorre mais de uma forma natural, que eu tento explanar o que esotu sentindo, mas sem me desnudar por completo, pois,s e uma coisa que eu aprendi é essa: não devemos nos mostrar totalmente. Eu não ligaria em mostrar, mas como o ser humano é complicado, e às vezes vil, é difícil você ser sincero em tempo integral, como gostaria de fazer e como deseja que todos o fizessem.

Bem, abaixo está a poesia, espero que consigam entender algo ou que absorvam pra si próprios alguma coisa. É só uma mensagem, como todo e qualquer texto. É a necessidade do ser humano em dizer o que sente para as outras pessoas. Isso sempre existiu. Abraços.

Amiga Morte

Ó morte, prazer em conhecê-la
Nunca caminhei por estes jardins enegrecidos
A dor me trouxe à inércia da dependência
A letargia dos homens perante a doença prova nossa fragilidade.

Ó morte, velha inimiga a quem nunca entendo
Por que tenho tanto medo de ti?
Alguns a compreendem
Eu prefiro fugir e tardar a dor
De perambular sem os pilares que me sustentam
Nessa contradição chamada mundo.

Sentir o gosto amargo de nada poder fazer
Dói mais do que se eu fosse direto ao seu encontro
Será que vou embora sem sentir isso de novo?
Ou o sofrimento ficaria de lado
Ao menos uma vez?

Ó morte, porque não indica um outro caminho
Onde os prazeres sejam parceiros dos amores
Onde não precisemos depender de joguetes para a felicidade
Onde o amor não traga todo o sentido necessário
Mas que o sonho noturno não seja mera casualidade.

A vida deve ser sentida em todos os momentos
Até você chegar e me levar daqui
E me mostrar que tudo não passou de experiência
E dizer que ainda não acabou
E começarmos um novo tempo, juntos.

25 de abril de 2007 – 8h08.

sábado, abril 28, 2007

Chuva miúda não mata ninguém...

Neste sábado eu fui na casa da minha avó Felícia, no Tatuapé. Eu devia essa visita faz tempo. Desde quando ela ficou muito ruim no hospital, no fim do ano passado. Quase morreu, mesmo. Era o que todos pensavam. E isso tornou o fim de ano para a minha família uma bagunça, desnorteando também minhas férias - lembro bem algumas noites tristes, sozinho, longe de São Paulo, pensando nisso tudo, meu pai jururu pelo problema da mãe dele... Eu estava viajando, mas numa pausa de um dia que vim pra capital, passei no hospital para vê-la e prometi a ela que ainda iria visitá-la na casa dela para comer panetone.

Bem, não teve panetone, nem a Colomba Pascal que eu tive idéia de comprar, mas que acabei esquecendo, com minha mãe que também disse que ia comprar - minha avó prefere essa tal colomba, que é boa também, menos para meu estômago. Mas foi bacana. Fiquei um tempo lá na garagem, já que ela estava sentada por ali, já que ela só anda com andador, pois o osso de uma das pernas não está muito bem colado na bacia, devido a uma queda que ela teve anos atrás.

Ela pegou na minha mão e ficamos batendo papo, falando de um monte de coisas que nem vale a pena citar, pois o que importa nessas situações não é o assunto em si, mas sim a oportunidade de estar ao lado de uma pessoa tão próxima e distante ao mesmo tempo de nossas vidas. Tanta experiência, tanta vivência. É um tempo que você pára tudo em sua vida para deixar-se levar por outro ritmo e outras prioridades. É para se pensar. Sempre.

Ela tem 91 anos, embora diga a todos que tem 83. Como ela mesmo diz: "Eu não me sinto velha". Claro que pelo problema, uma mulher mora na casa e cuida dela 24 horas por dia. Minha avó não gosta, mas resigna-se, já que suas condições físicas a impossibilitam de viver sozinha, como ela adorava, depois que seu marido, meu avó Luiz, morreu, já pra mais de 15 anos.

Logo fui embora, pois os jovens nunca têm muita paciência para nada. Mas, antes de ir, um fato engraçado aconteceu, que vai permanecer na minha memória, espero, por um longo tempo. Minha mãe, sogra de minha avó, comprou uma tesoura sem ponta pra ela e disse o preço. Minha avó falou: "Quando a chuva passar eu te pago". Não chovia, apenas o frio castigava aquela região, um pouco alta, do Tatuapé. Mas era uma brincadeira de minha avó com a minha mãe. E na esteira dessa piada, na saída do portão minha avó cantou uma musiquinha :

"Chuva que vai, chuva que vem
Chuva miúda não mata ninguém".

Seu jeitinho simples, suas bochechas caídas, a pele castigada pela idade, aquele cabelo branco, sua estatura bem pequena, suas passadas vagarosas por conta do andador e seu sorriso triste e cansado, de quem ainda, apesar disso tudo, deseja permanecer viva, me enterneceu naquele instante, embalado por essa canção que eu nunca vou saber de onde ela tirou. Até por isso, a outra que ela costuma cantar "tô velho, tô fraco", é mais fachada para esconder a força de vontade de viver que a Dona Felícia, filha de espanhóis, tem dentro de si. Te adoro vó.

sexta-feira, abril 27, 2007

Obrigado, a nada

Para contrapor o post abaixo, nada "melhor" que relatar um acontecimento que se sucedeu poucos minutos depois do citado anteriormente. Já no metrô eu estava morrendo de fome e comeria a primeira coisa que aparecesse na frente.

E na estação Ana Rosa tem, no mezanino, um balcão de sorvetes, biscoitos, etc. Eu vi um pacote de uma bolacha que eu adoro e ia avançar naquilo mesmo, considerando uma janta nutritiva. Porém, um obstáculo estava à minha frente: nenhuma das atendentes queria fazer seu trabalho.

As três conversavam com outra, do outro lado do balcão, que já estava indo embora. Vai ver o assunto desta era interessantíssimo, pois as demais não conseguiam desviar os olhos, prestando tórrida atenção ao que ela falava.

Eu cheguei a duvidar se o balcão estava aberto. Perguntei a uma delas: "Vocês estão abertos?". Para ver a resposta não-verbal, com a cabeça meneando para a baixo e para cima, num sim distante, já que a moça nem sequer deu o trabalho de olhar na minha cara.

Foram os minutos mais longos e estressantes daquele longo dia. E já que eu estava com a maldita pressa pelo atraso e o pouco tempo para chegar ao Morumbi, não me contive e saí fulo, sem aguardar elas terminarem de falar o tão interessante tema que guiava o diálogo. Caminhei proferindo impropérios com meu estômago gritando de fome e minha raiva subindo pelas paredes.

Só fui comer num boteco tosco na paulista, dois salgados duros, com um mate gelado bem gostoso. Resultado: estômago reclamando o primeiro tempo todo da partida. Duvido que se eu tivesse comido as saborosíssimas bolachas eu teria tido esse problema.

Tudo por causa de três atendentes que não se interessavam em trabalhar, mas sim em conversar e perder dinheiro. É, a boa educação e a presteza ao cosnumidor ficam em segundo plano quando "a fofoca é boa".

Obrigado, de nada

Na última quarta-feira eu tive uma agradável surpresa que me deixou sem ação e com vergonha de mim mesmo. Entrava eu no ônibus rumo ao Morumbi com o fone de ouvido soltando rugidos sonoros, quando o cobrador, um rapaz jovem se sombrancelhas grossas e pretas, causando uma impressão esquisita, mas bem simpático, balbuciou alguma coisa.

Só que eu, na minha erma ignorância, olhava para a máquina que valida o Bilhete Único para eu passar pela catraca que não autorizava minha passagem, e nem reparei no que ele dissera. Só depois que fui reparar que ele repetia a mesma frase a cada pessoa que passava pela catraca: "Boa noite", dizia ele de forma educada.

Minha cara foi ao assoalho do ônibus em segundos. "Pombas, o cara deu 'boa noite' e eu nem respondi", pensava eu. Tarde demais. A viagem já durara alguns minutos e ficaria estranho eu pedir desculpas pela não-resposta e dizer tardiamente o cumprimento.

Vi que algumas pessoas respondiam, até com simpatia e bons olhos, a galhardia do rapaz de simplesmente falar algo que não estamos acostumados a ouvir das pessoas que costumam esbarrar por nós no cotidiano, ou que nos (mal) atendem nos coletivos e demais serviços. Me resignei e fiquei contente em ver uma bela cena daquelas, apesar de minha falta de tato com a situação.

É legal você perceber que ainda há pessoas que dão atenção a esse tipo de coisa, ainda mais nesse mundo tão individualista, egoísta e pouco cortês que brigamos, mais que vivemos, hoje. Só quem mora em megametrópoles como São Paulo sabe do que estou falando. Aqui a maluquice e a corrida contra o relógio, pelo próximo trem, para pegar aquele ônibus antes do outro, impede qualquer tipo de comunicação agradável. Infelizmente.

Problemas sempre existirão...

Desculpem gente pelo sumiço. Quando eu imaginava postar algo aqui no início da semana que está finando, fui acometido por uma forte cólica renal, que me deixou em frangalhos por uns três dias, sendo que faltei dois no trabalho.

Sem falar na fragilidade física e emocional que você fica depois de passar uma madrugada num hospital tomando soro sem poder se mexer, ao memso tempo que berra de dor por uma mísera pedra de poucos milímetros que insiste em cutucar o seu rim.

Sorte que a bichinha saiu ao natural, ou seja, com muita água. Esotu com medo enorme a cada dorzinha que sinto na região. Acho que estou com mais pedritas. Só espero que não sinta um décimo do que senti nos últimos dias. Há médicos que assemelham a dor nos rins com a dor no parto. Só para se ter uma idéia da coisa.

Ainda estou me recuperando disso e de uma dor de estômago que acompanhou a do rim. Precisarei ir ao médico para ver o que é. Enfim, estou um fiapo, mas melhor do que estava no começo da semana, quando quase não existia, apenas para a minha dor.

Esse tipo de coisa deixa a gente um tanto quanto perturbado. Minha cabeça deu umas crispadas, meu termômetro de bom astral deu uma queda significativa e ainda tive um sonho que abalou o meu coração até agora. Espero superá-lo, pois as conseqüências dele foram as piores que eu poderia imaginar e nenhum efeito positivo o devaneio trará para mim. Apenas dor e sofrimento.

Por que tem que ser assim? Enfim, assim o é. Sempre do mesmo jeito. O que resta é suportar esse declive, erguer e recuperar a boa saúde e a boa forma profissional, que são as únicas coisas que tenho como sustento diário. Se eu as perder, acho que não sei o que sobrará de mim.

sábado, abril 14, 2007

Viagem a Rio das Ostras



Primeiro, eu gostaria de pedir desculpas pelo sumiço. Mas essa semana foi bem corrida no trabaaho, finalizei um programa piloto para TV e fui enfiando na produção de outro programa, já em andamento. Mas no feriado da Páscoa eu tive alguns bons dias de descanso que valeram muito a pena.

Quinta-feira à tarde tomei um avião pro Rio de Janeiro pra encontrar minha amiga Paula, seu namorado Moisés (conhecido como Moa), e mais sua prima (Juliana) e sua amiga (Luana), pra rumarmos até Rio das Ostras, cidade que fica na Região dos Lagos, a uns 170 quilômetros da capital. Foram três horas de ônibus, com um pouco de congestionamento, rasgando a BR 101 e demais estradas da vida. Legal é passar pela ponte Rio-Niterói, um verdadeiro espetáculo em seus pouco mais de 13 quilômetros de extensão, sendo oito deles sobre o mar.

Isso me fez lembrar outra bela imagem que vi, na chegada à capital carioca: quando o avião se prepara para descer no aeroporto de Santos Dumont, é possível ver a ponte e parte da cidade de cima, além do mar. Muito belo. Foi nessa hora que eu me toquei que estava chegando ao Rio de Janeiro e veio um medo danado, por todo o histórico de violência que a cidade carrega, mas também porque me senti uma criança, pelo fato de viajar sozinho e não saber me virar ali. Aí eu recobrei a consciência, disse pra mim mesmo, "já tenho 24 anos, não tem nada disso", e deixei esse pavor súbito na poltrona da aeronave.

Voltando ao relato após este parêntese interior, a viagem foi muito bacana. A quitinete que dividimos - e que foi emprestada pela mãe de uma amiga do pessoal que reside lá - ficava bem perto da praia da Tartaruga, das mais famosas da cidade, ao lado da praia do Bosque e da Costa Azul. O problema é que lá há uma espécie de morro e depois um naco de areia em declive e o mar, batendo firme no chão e puxando forte para o fundo. Impossível entrar na água sem apanhar das ondas. Eu até tentei, mas como tenho medo de não sentir o solo com os pés, num momento que surgiu um banco de areia morri de medo e quase me afoguei. Mas as aulas de natação me ajudaram nessa hora.

Aproveitamos as condições adversas para entrar no mar, caminhamos um tempão até a praia do Bosque e ficamos numas pedras bem legais, onde há um local que quase não vem onda e é possível tomar banho de mar. O clima estava ameno e o tempo nublado, o que eu adorei, enquanto meus amigos cariocas detestavam a falta de sol. Pena que logo depois veio uma pancada de chuva e aí tivemos que sair correndo de lá. Passamos no mercado pra comprar comida e eu já levei uma caixinha de Bohemia em garrafa, pra começar né.

Enquanto a mulherada fazia o rango, eu e Moa tomávamos as cervejas, que durou nem três horas. Só pra constar, quem lavou a louça fui eu. À noite a gente saiu pro centro da cidade, comemos pizza, passeamos pelas lojinhas, tomei mais algumas cervejas, já ficando um pouco alterado. Legal foi o comentário da minha amiga Paulinha: "Eu não conheço outra pessoa que bebe tanta cerveja de uma vez que nem você". Tadinha. Ela que não anda com gente que bebe. Sou um principiante. Deixa ela vir pra São Paulo que ela vai saber o que é beber.

Joguei um pouco de fliperama numa máquina que tinha lá, uma baita saudade de X-Men versus Marvel e daquele outro de corrida que tu senta na cadeira e troca marcha, mexe no volante, etc. Me sentia um garoto. Daí uma galera foi para uma boate e eu, que não estava afim de rebolar a jaca num funk, fiquei tomando cerveja na praia, acompanhado pela Paula e pelo Moa. Sei que o resultado disso foi uma ressaca braba no sábado e um momento de insônia de madrugada, para sentar na cama e me refazer da bebedeira.

No dia seguinte foi mais divertido ainda, apesar da ressaca. Fomos pra Lagoa do Iriri, mais conhecida como Lagoa da Coca-Cola. Tudo por causa da água, que tem cor semelhante ao refrigerante. A lagoa é separada do mar por um pedaço muito ínfimo de terra e mato, mas é bem interessante. Deu pra nadar sossegado ali e o tempo firmou um pouco mais, sem chuva. Só no fim da tarde que o vento se fez presente, mas nada anormal.

Pena que no fim do dia tivemos duas notícias ruins. Uma que o Moa ia ter que voltar à noite para o Rio, porque ele iria trabalhar (se bem que isso já estava certo, só eu que não sabia) e a pior coisa foi um telefonema recebido pela Paula, informando da morte de uma amiga de trabalho querida dela. Ambos voltaram naquela noite mesmo para a capital, lamentando porque iam me deixar. Eu me senti mal, claro, mas não havia o que fazer com uma fatalidade dessas. A não ser lamentar e dar força pra Paulinha. Senti um vazio na casa de noite, com pessoas que, por mais que estivessem sendo gentis comigo, me eram estranhas, pois as conhecia há dois dias apenas e tão somente.

Com certeza, o resto da viagem não foi igual. Mas consegui me recompor aos poucos e domingo foi bom, porque fez um baita sol e fomos até as pedras, para tirar fotos e conseguir nadar um pouco, já que na praia da Tartaruga o mar estava ainda mais agitado. O problema era que meu vôo para São Paulo saía às 20h11 e eu estava com medo de pegar engarrafamento na volta para o Rio de Janeiro. Não deu outra. Nos atrasamos para sair da casa, tanto que tomamos o ônibus somente 15h50, pegamos um trânsito infernal, que me roeu o estômago de tanta angústia e me fez chegar somente 20h50 na cidade maravilhosa. Corri que nem doido de onde o ônibus parou, uns 500 metros antes da rodoviária, pois havia um trânsito enorme na frente da rodoviária, tomar um táxi voando até o aeroporto.

Sorte que ponte aérea pode mudar o horário do vôo no balcão da companhia aérea (fiquei sabendo isso pelo meu chefe, após ligar em casa do ônibus e pedir pro meu pai encher no celular do meu chefe) e consegui alterar para o vôo das 21h36. Porém, pra piorar a situação, todos os últimos oito vôos pra Sampa estavam atrasados e adivinhem o que aconteceu? O meu só saiu 23h40. E pra acabar de vez com tudo, o avião não iria pra Congonhas, porque o aeroporto ainda tinha 15 vôos pra liberar de lá e ele não tem permissão pra funcionar 24 horas por causa da área ser residencial. Resultado: mandaram a gente pra Guarulhos.

Nessa altura do campeonato eu já estava tranqüilo, me cansara até de me estressar. Aguardei calmamente no aeroporto, não reclamei na aeronave e me resignei ao saber, lá pela 1h da manhã que teria que pagar uma fortuna pra ir de táxi até em casa. E foi mesmo: R$ 82,50. Também fui com conforto. Era isso ou passar a madrugada no aeroporto e, de lá, ir para o trabalho. Cheguei em casa quase às 2h, numa verdadeira odisséia para alcançar esse intento.

No fim das contas, a viagem foi divertida. Descansei bastante, conheci gente nova e bacana, revi meus queridos amigos que tanta saudade eu tinha, visitei um lugar bonito que nunca imaginei que estaria e recarreguei as baterias para o ano que nem na metade chegou e está uma correria danada. Quero agradecer a Paulinha pelo convite e espero ir mais para o Rio para reencontrá-los, inclusive, no casamento que deve acontecer ainda este ano, né? Adoro vocês dois!

Abraço a todos e até a próxima.

segunda-feira, abril 02, 2007

Viagem a Itu

No último sábado eu estive em Itu para fazer umas gravações para um piloto de um programa de TV que estou tocando e também para outro programa de TV, este já existente, chamado Momento de Fé. É, podem rir. É do padre Marcelo, vou fazer o quê. De qualquer forma, o programa está sendo retomado e comigo na frente das coisas, também, logo, estamos buscando coisas mais legais, meu chefe e dono da produtora, que cuida desses programas, tá empenhado em fazer algo decente, então dá mais ânimo para eu correr atrás e dar o sangue com ele.

Aí surgiu o convite para eu acompanhar as gravações no fim de semana, dormindo numa fazenda perto da cidade com parte da equipe, sendo que a outra voltaria de carro. Saímos de São Paulo lá pelas nove da manhã, pegando a Marginal Pinheiros. Um sol de lascar já enchia os prédios e avenidas da capital paulista, enquanto que no carro tocava música country que meu chefe gosta. Eu, que não sou besta, meti meu mp3 player no talo e fiquei ouvindo Rage Against the Machine, porque eu estava com uma sensação ruim dentro de mim – fiquei sabendo instantes antes que um amigo do trabalho passa por problemas sérios – e queria afugentar os fantasmas de mim.

A coisa foi amenizando enquanto engolíamos asfalto pela Rodovia dos Bandeirantes, ganhando terreno rumo à Itu. Um cenário bucólico de morros verdes, cheiro de mato e eucaliptos cortados pelo negro da pista e pela velocidade absurda dos automóveis. Já eram mais de 10 da manhã e o calor incomodava pacas no carro. Depois de mais um tempão pela outra rodovia, a Marechal Rondon, com a peculiaridade de haver muitas pedras por todo o cenário de morros, chegamos em nosso destino. Visitamos um grupo de terceira idade de mais de 850 idosos que faz diversas atividades (capoeira, dança, tai-chi chuan, etc.) e apresentou um número sobre a Nossa Senhora Aparecida bem legal. Para o programa né. Eu mal assisti. Estava na rua, sob um sol de rachar, montando um texto, tipo diário de viagem, para publicar no Portal do padre. Fiquei apenas cinco minutos debaixo do sol e comecei a passar mal, tal o calor fazia na cidade.

Dali a gente partiu pra fazer umas passagens com o Pereira, novo colaborador do programa de TV, que tem uns contatos no mundo sertanejo de raiz e vai ligar isso com a religiosidade do povo interiorano pra fazer matérias pro programa. Aí ficamos um tempão gravando com ele, enquanto eu tirava fotos da praça, do orelhão e do semáforo gigantes, da igreja matriz.

Depois almoçamos, conversamos um pouco e fomos pra captação de mais algumas imagens (tanto para a TV, com a câmera, quanto para o site, com a máquina fotográfica), fachadas de igrejas, ruas, pontos turísticos, curiosidades, etc. Ainda tomamos um sorvete (meu chefe gosta de comer e adora fazer paradas) antes de fazermos a última passagem do dia, numa das entradas de Itu, que tem um portal bacana. Depois de mais de meia hora gravando, errando, tentando, com o Pereira, conseguimos uma passagem sem erros ou interrupções e partimos para a fazenda que eu e o câmera iríamos dormir, porque no domingo ia ter uma outra gravação, com uns violeiros que iam se apresentar na missa do Domingo de Ramos. O gancho é que no lugar tem uma capela que reúne parte da comunidade da região nas celebrações católicas

Afastada da cidade, a fazenda fica a cinco quilômetros da estrada, só que numa passagem de terra desgraçada. Solavancos, barrancos, descida, subida, curva, chacoalho, incrível. Apesar de tudo isso chegamos ao armazém, que centraliza a passagem da fazenda à outras localidades, só que com um baita problema: o filho de um dos violeiros morrera e, por isso, dois deles não iriam à celebração. Eu já achei que ia abortar a nossa estada ali mesmo. Mas nada ficara decidido porque meu chefe e o produtor haviam ido até o mercado comprar uns quitutes para eu e o câmera passarmos a noite, já que no local não havia comida – meu chefe comprou até cerveja pra mim, que beleza! O dono da fazenda queria chamar outras pessoas pra “cobrir” os violeiros, mas não seria verdadeiro né, soaria falso. Após mais de meia hora meu chefe chegou e botou fim na discussão: voltaremos dia 15, numa outra festa que haverá na fazenda, e filmaremos tudo. Assim é mais justo com todos, principalmente com o telespectador, não é mesmo? Eu já tinha pulado fora faz tempo, mas preferi deixar pra quem paga tudo, afinal, eu estava muito cansado, ainda brigava com os mosquitos que atacavam o meu corpo urbano e que desejava apenas encostar num canto. Azar o meu. Ainda tínhamos uma longa viagem de volta à São Paulo.

Por mais que Itu fique a apenas 88 quilômetros da capital, a estrada de terra percorrida no breu total, mais a rodovia que parecia muito mais longa que na ida, além da insistência do meu chefe em fazer uma parada para o café no meio da viagem, a transformou em uma travessia gigante. Ao menos o som melhorou: Rush, Black Sabbath, Van Halen, AC/DC, por aí que rolou no Ipod do carro. Ufa! Curti mais, tomando suco de caixinha pra matar a sede, já que o produtor fez o desfavor de botar as garrafas de água no porta-malas. No meio do caminho, a mulher do chefe liga e avisa que cai um dilúvio em São Paulo. Por sorte, ao chegarmos na capital, a chuva já passara e o caminho até a produtora foi tranqüilo.

Lembro apenas que ainda cuidei de algumas coisas no trabalho, peguei carona no carro do câmera e demorei mais uma hora de metrô até chegar em casa e começar a escrever pro site, cuidar das fotos e, lá pelas 23h30, publicar todo o material no Portal, movido as três latinhas de Bavária que meu chefe havia comprado. Fazia tempo que não bebia Bavária, mas valeu a pena. Se tivesse mais, teria ido pro balaio. Sei que foi um dia bastante cansativo, mas foi divertido sair da rotina e me matar de um cansaço produtivo. Até a próxima! Aliás, essa próxima talvez seja uma descrição de folga, o que será, no meu ponto de vista, muito melhor descrevê-la! Espero ter pique e assunto pra continuar esses relatos. Até lá!