terça-feira, janeiro 17, 2006

Aversão ou timidez?

Gostaria de dar asas a um pensamento que tive hoje num ônibus que tomei a caminho do meu emprego: acho que tenho aversão ao ser humano. Não é algo intencional, fascista, nazista, ou qualquer coisa do gênero. Acho que é da minha personalidade misantropa eu odiar o ser humano, ficando apenas eu comigo mesmo, bem longe dele. Percebi isso depois de entrar um homem de, aproximadamente, 50 anos, repleto de sacolas de instrumentos de pedreiro ou marceneiro, algo do gênero.

A princípio, me simpatizei com o sujeito que entrara pela porta de trás para conseguir carregar todo aquele material, mas que pagou a passagem normalmente, ao contrário do que alguém poderia pensar. Acho isso o mais correto: essa coisa de deixar a mala na parte detrás e entrar pela porta da frente um martírio. Porque a pessoa não entra por trás mesmo e só vai até o cobrador e paga? Como a burocracia gosta de complicar...

Voltando ao preâmbulo, ele se sentou um banco atrás de mim, no lado oposto do ônibus. A simpatia se esvaiu na primeira tentativa dele de tentar dialogar com um rapaz ao lado, ou mesmo comigo, o primeiro que olhasse, sobre o infernal calor que já atormentava São Paulo lá pelas 9 e pouco da manhã. Já virei meu rosto e segui olhando as lojas, calçadas, árvores, pessoas caminhando, enfim, o cenário comum de quem olha por essas vidraças motorizadas.

Só para os maldosos de plantão não acharem que sou anti-trabalhador, “que odeia pobre” ou qualquer coisa similar, esse sentimento que expressei aqui é mais implícito e causado pela minha timidez em relação a pessoas desconhecidas (quando eu era criança, meus pais devem ter enfiado goela baixo o “perigo” de “falar com estranhos”) do que por qualquer ódio de classe, afinal, também sou trabalhador e defendo, inclusive, a supremacia do poder por meio do proletariado, sendo este o comandante do mundo. Parece bonito e perene, mas é o que penso, de coração.

E a outra explicação que posso dar à minha boa relação com o trabalhador é que eu simplesmente abomino o outro lado, isto é, a burguesia. Odeio gente que gosta de ostentar dinheiro, posses, viagens, trabalhos, como se isso fosse o centro de tudo, quando o primordial é o homem, que constrói tudo isso. E, vou mais longe, o trabalhador, que é quem dá o conforto para o rico. Se não fosse a classe abastada dominar os meios de produção e o controle do estado que reprime as manifestações populares, estaríamos melhores. Enfim, não precisamos da burguesia. Mas não vou muito longe nesse debate, pois quem me conhece já o sabe (ou deveria saber) de cor e salteado.

Talvez por tudo isso ainda questiono essa minha “aversão”. Preciso pensar com calma isso, mas confesso que eu procuro um tanto fugir do contato humano, principalmente aqueles fúteis, um cumprimento falso, um “olá” apenas para constar uma simpatia vaga ou qualquer outra manifestação que eu não ache verdadeira, e, por conseqüência, fique incomodado por estar ali. No entanto, eu gosto, sinto falta e aprecio um contato com pessoas conhecidas, um aperto de mãos, um abraço, um beijo, uma palavra de carinho, uma demonstração de apoio, enfim, tudo aquilo que move e faz o ser humano sentir a vida penetrando seus poros.

Esse desequilíbrio acaba por me cegar e eu não encontro uma resposta para essa querela. Mas é muito provável que a resposta esteja no primeiro parágrafo desta crônica: minha condição misantropa de sempre desejar ficar recluso em momentos de revés, perigo, insatisfação, tédio, raiva, preguiça, pode ser uma força que me move mais para um lado do que para outro. A reclusão pode ter a ver com a questão de ser bebê, afinal, eles nunca querem sair de dentro ou do colo das mães. Há, inclusive, argumentações psicológicas a respeito deste tema.

Eu queria fazer análise ou qualquer outra sessão com psicanalistas e afins, para tentar me descobrir melhor. Enquanto isso não ocorre por falta de grana e por essa hipótese estar no fim da fila de minhas prioridades, eu escrevo aqui.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Anos realmente incríveis

Mais uma sexta-feira à noite em que estou aqui no meu quarto, sem nada para fazer, ouvindo Buffalo Springfield e outras coisas dos anos 60, tentando escrever algo para manter este blog atualizado. Odeio obrigações desse tipo, mas é bom eu me disciplinar em realizar esta terapia internética, talvez me faça bem, ou, pelo menos, eu perca algumas boas horas de minha noite inerte escrevendo e refletindo a vida.

Confesso que muitas coisas embaralham a minha mente enquanto ouço a versão original de “On the Way Home”, que foi gravada um dia pela Legião Urbana, num dos primeiros acústicos da MTV tupiniquim. Agora começou “Castle Made of Sand”, do mr. Jimmy Hendrix. A bagunça mental refere-se ao meu novo/velho passatempo de férias: o seriado estadunidense Anos Incríveis, que a TV Cultura tem passado há um bom tempo, agora, dois episódios por dia, a partir das 19h.

Esse seriado serviu de base por um bom tempo de minha adolescência, quando passava na mesma Cultura, anos antes, sempre um único episódio, às 20h. Depois ele foi para a TV Bandeirantes, Rede 21, até retornar ao canal estatal. Agora começou a tocar The Animals, com “The House of Rising Sun”. Sempre lembro de minha mãe quando escuto esta canção, pois ela disse uma vez adorá-la, principalmente pelo órgão e pelos berros de Eric Burdon.

Minha mãe agora está na cozinha comendo algum pão integral, após alimentar meu sobrinho que vai dormir aqui esta noite. Agora ele está na sala com meu pai, vendo algum programa imbecil na televisão. Eu não agüento isso e me tranco no quarto na caça do que fazer. Enfim, isso que dá entender o que a televisão faz na mente dos caboclos.

Mas quero voltar ao preâmbulo das histórias de Kevin Arnold e sua turma. Não sei se alguém lê isso e se o faz, por acaso chegou a assistir esta série. Quero dizer que aquelas personagens todas me ajudaram a segurar as pontas em épocas em que a escassez de amigos sinceros, de familiares próximos, de escola abandonada, de namoradas inatingíveis, de lágrimas e sensações ruins, permeavam meu corpo e minha alma por anos e anos, como foi toda aquela adolescência. Aliás, desde a infância.

Eu encontrei nas peripécias do garoto suburbano de Nova Jersey (putz, agora toca “Ocus Focus”, da então banda Focus, que depois virou UFO, como esse som é foda!!!) uma forma de canalizar todas as vivências que gostaria de viver e que, na condição de ser perdido mental e socialmente, eu não podia durante aqueles verdadeiros “anos de chumbo”.

No amor de Kevin por Winnie, na amizade leal de Paul, na distância hipócrita do “american way of life” fracassado de sua família (e que só hoje eu pude perceber e, por isso, a importância de reviver estes episódios), na evolução de uma criança para um adolescente e, deste, para um adulto, com suas mudanças, seus medos, as perdas, as vitórias, o desejo de voltar para casa como tudo fora antes um dia...

Ah, eu me sentia vivo ao assistir aqueles capítulos e entrar, cada vez mais, na história entremeada de valores que o autor criou. Como aquilo era gostoso. Cada dia eu tinha alguma mensagem interessante para refletir, analisar, computar para meu crescimento. Mas eu pouco ligava para aquilo. Na verdade, eu ligava sim. Porém, me atentava mais à vida que eu não podia ter e ali tinha. Chegava a imaginar o seriado como se fosse real, só que comigo nas histórias. Eu era amigo de Kevin, mas disputava a Winnie com ele. Claro que nessa coisa toda eu vencia. Eu me sentia verdadeiramente dentro daquilo, vivia e sentia cada emoção, como no dia em que Winnie se mudou para longe e tudo ficou mais difícil: o mundo aumentara de tamanho.

E lembrar que começara aquilo por causa de mais uma das brigas diversas em casa, e, chateado e choroso pela discussão com irmãs e pais, ia para o quarto de meus progenitores ver TV e, por acaso, encontrara o seriado. Engraçado que acompanhar tudo aquilo era, na verdade, tentar compreender como a vida se movia e senti-la de uma forma que fosse possível transportá-la para a realidade. É claro que isso é inviável.

Mas hoje analiso que as mensagens, lições, os pensamentos melancólicos do interlocutor que narrava as histórias, que, na verdade, era Kevin Arnold mais velho, foram e ainda são importantes na tentativa de entender realmente o porquê que as coisas mudam, que as famílias se separam, que os amigos se distanciam, que os amores vão embora e porquê dói tudo isso. E é por essa razão que Anos Incríveis foi tão importante para minha vida naquele momento e, também, pelo sucesso estrondoso que alcançou nos EUA e aqui no Brasil, dando picos de audiência surpreendentes para a TV Cultura.

E hoje, ao rever aqueles episódios, mesmo sabendo quais eventos irão se desenrolar, eu me emociono a cada situação vivida por aquele garoto de cabelo crespo e olhar risonho, com sua indefectível jaqueta dos New Jersey Jets (time de futebol americano), gargalho com as sacadas de seu narrador que percebe e conta como cada sentimento vivido tocou seu coração e ainda toca hoje, através de suas memórias. E isso acontece porquê eu também sinto cada coisa e não porque eu vivo aquela vida que não é minha. Não faço mais isso, pois consegui evoluir e achei o meu próprio caminho.

Eu faço porque, cada realização, abraço, beijo, briga, alegria, tristeza, eu também vivi e olho para trás da mesma maneira que o narrador o faz, e vejo cada momento que tive que foram únicos, assim como os do seriado, pois foram vividos por mim e pelas personagens de minha história.

Pois cada vida é um filme, um seriado, uma história para ser contada. E todos merecem ter suas vidas contadas, refletidas, analisadas, passadas a limpo, não como algo negativo, mas como uma positiva reminiscência, melancólica até (coisa dos anos 60, sinto isso), para que, ao menos, lembremos quem fomos, quem somos e porque assim o chegamos a ser.

Eu agradeço muito a tudo que fui proporcionado pela sua existência e amo profundamente o seriado e personagens, que me deram guarida quando eu não tinha nada e hoje me fazem refletir, avaliar e rememorar tudo o que eu vivi até hoje. Mas, ao contrário do seriado, a minha história não acabou. Ainda há muita coisa para ser contada.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Trabalho, trabalho, trabalho...

Quero retomar o que eu estava falando estes dias por aqui a respeito de fugir dos pensamentos e coisas que estão na minha frente esperando que eu tome alguma decisão.

Talvez por isso eu esteja escrevendo estas linhas aqui no Diários... Pode ser importante eu tentar achar uma luz. Minha irmã disse outro dia que tenho feito muita coisa, ao contrário dos medíocres que esperam a morte chegar trancados em suas casas com suas rotinas. Meu amigo Daniel comentou o mesmo, mas ainda não acho o bastante.

Preciso encontrar algo que eu possa ajudar as pessoas a mudarem suas vidas e nossa sociedade, mas não sei se é medo, falta de foco, hora inapropriada, entrave, não sei o que é, mas não me sinto pronto e não me identifico com nada que me faça jogar todo o meu corpo e meu conhecimento naquilo.

Espero encontrar isso um dia. E logo. Vamos ver. Recebi dois novos convites para colaborar em trabalhos jornalísticos. Certamente, ambos de graça, pois ninguém paga por nada. Um eu aceitei, mas me arrependi. O outro eu me assustei, mas talvez aceite. Creio que esteja com uma carga de trabalho já alta, mas sei lá, talvez não seja a hora de ficar recusando as coisas.

Quem sabe, enquanto eu não me acho, eu possa me entregar nessas tarefas e dar o meu melhor para mostrar meu trabalho e, quem sabe, conseguir algo mais financeiramente concreto. Por outro lado, fica aquela dúvida de não conseguir fazer tudo bem tendo muita coisa para dar conta.

É um certo dilema, até porque o único trabalho que me remunera tem me desagradado, tanto em estrutura como em meu próprio desempenho. Sinto não estar dando todo o fôlego que tenho para dar.

Não sei o que faço. Talvez minha dúvida esteja justamente no que critico tanto, isto é, eu sempre reclamo daquelas pessoas que querem emprego com horário certo, só uma coisa a fazer e ganhar por isso. Porém, eu não me dedico na produtora do jeito que todo jornalista precisa se dedicar, ou seja, integralmente.

Eu ia escrever uma bobagem monumental ao colocar que também faço o horário básico, apesar de cada dia entrar e sair num horário diferente. Mas eu chego em casa e escrevo minhas colunas para o Papo de Bola, corro atrás de pautas para o Rabisco, que são coisas que me dão amplo prazer de tocar. Talvez seja isso: trabalhar no site do padre Marcelo não me dá tanto prazer. Por outro lado, é o único que me paga, então não dá para largar pura e simplesmente.

Tanto que ao surgir uns projetos novos lá eu até me animei. Lá eu gosto de pensar coisas, tocar pra executar, etc. Mas produzir mesmo não é muito comigo. Talvez eu precise prestar mais a atenção nisso, pois, quem sabe, aí esteja meu rumo. Esse ano ainda tem a pós-graduação para concluir e isso exige tempo para estudo e dedicação sem tamanho, já que quero fazer jus a grana que estou gastando lá. Não dá para levar de qualquer jeito.

Então não sei se aceito as novas colaborações que tenho pra fazer, pois precisarão de iniciativa própria e muito trabalho. Talvez meu medo esteja nisso, em dar as caras para as coisas, sem depender apenas de minha força de vontade num lugar escuro. Já que me dou bem quando dependo de mim, mas num campo que conheço: jogar na casa do adversário é sempre mais complicado mesmo.

Meu dilema está aqui: ou eu aceito os desafios e me entrego como jornalista, ou me escondo no casulo do trabalho comum e fico insatisfeito pela escolha resignada que tomei. Está claro o caminho a seguir. Sou eu quem tem medo de trilhá-lo.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

O Mundo se Afasta... Será?

Não sei se é por causa das festas de fim de ano e das férias, mas nesse período as pessoas costumam se afastar. Os emails e recados no orkut rareiam e o telefone nunca toca para você. Acho um saco isso, pois fica aquela sensação de abandono, de que ninguém mais lembra de você e acho que a pior coisa para um ser humano é ser esquecido, não ter ninguém que se lembre e se preocupe por ele. Deve ser o fim do mundo.

E mais surpreendente: você começa a se culpar por isso. Acha que mandou poucas mensagens, que não ligou, que não tratou bem quando apareceu. Enfim, você acaba por jogar toda a culpa em si próprio e não percebe a culpa da outra pessoa ou mesmo a naturalidade da situação, da data, etc. Ou, então, joga toda a responsabilidade no amigo, ou em quem quer que seja, pelo sumiço e a perda de contato.

Eu, sinceramente, não sei o que responder, pois já cogitei todas as três hipóteses. Não sei se é por causa da época e da falta do que fazer em casa nessas férias curtas, mas eu fico um tanto perdido com essas divagações. Perco-me em tarefas corriqueiras de casa para não pensar em algo muito profundo.

Também, proibi a mim mesmo de discutir qualquer questão profissional esta semana. Por mais que pensamentos sobre o que eu possa ou não fazer invadam minha mente, eu busco afastá-los de pronto e tento direcionar minha mente no vazio da televisão, na alienação da escolha do novo técnico do São Paulo, na limitação de decidir o quê comer de almoço, janta...

Além de manter o mesmo primeiro CD do Creed no aparelho de som, afinal, fazia anos que não o ouvia, já que estava emprestado, e é um álbum que tem feito eu questionar algumas coisas dentro de mim. Vai ver faz sentido, deve trazer algum conteúdo intrínseco, até porque, o CD se chama My Own Prision, ou, minha própria prisão...

Não sei se estou fugindo ou apenas tentando dar uma folga para minha mente que trabalhou muito em 2005. Nem acho que estou errado, pois preciso relaxar um pouco mesmo, mas uma sensação ruim no meu estômago me diz que não posso deixar de resolver questões que parecem aflorar neste instante. E é isso que vou procurar fazer, acho.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Tudo Passa...

Resolvi retomar um assunto que comecei no primeiro post da volta, sobre amigos e vidas que somem, etc. Parece coisa de adulto mesmo. Enquanto você é adolescente e pré-adulto tudo é importante, grave, o fim do mundo, a lealdade, a amizade, a preocupação e o coração vão a frente de qualquer coisa.

Um mero problema de relacionamento, uma paixão entre amigos, ou qualquer outra coisa que o valha fazem você perder horas e dias de sua vida discutindo o assunto até resolvê-lo, mede forças para curar a dor do parceiro, fala com as amigas para entender o que acontece, enfim, o mundo pára enquanto a unha permanecer encravada, a estrela-do-mar incrustada num coral gigante.

É o mesmo processo de quando os jovens namoram (jovens, pareço um velho falando assim): tudo é urgente, o coração parece sair pela boca, você vai morrer de tanta dor, etc. É incrível isso. Todos dão a atenção devida. Vai ver porque a gente, nessa época, só estuda, passa a maior parte do tempo deitado na cama olhando para a vida.

E mesmo trabalhando (como é o meu caso desde os 15 anos) a prioridade da existência é sair com os amigos, namorar, passar tardes trocando CD’s, fins de semana enchendo a cara, indo a cinemas, passeando em shoppings atrás de beijos e carícias... Até porque, o trabalho ainda não é uma profissão, a responsabilidade vai até certo limite, você não precisa ajudar muito sua família, etc.

Hoje não. A faculdade é mais importante, o trabalho já virou profissão e você se mata em tempo integral para solucionar os problemas em seu emprego. O namoro virou casamento e pagar as contas ficou mais importante do que sair com os amigos. Falta dinheiro. Sobra rotina. Falta amizade. Sobra preocupação.

O pensamento no presente, no instante, no prazer momentâneo dá lugar à reflexão no futuro, na casa própria, no carro, nos filhos, no emprego, nos estudos, no que vou ser quando crescer, em como vou sobreviver sem meus pais, na merda de salário que recebemos e nas contas que se acumulam na mesa. Enfim, a vida parece acabar. Quase não há espaço para a amizade, o carinho, o amor, o respeito. Cada vez mais todos se afastam em seus cabelos brancos e suas carteiras vazias.

Nem ao menos um telefonema para avisar que seu número residencial mudou, para quando você quiser ligar não ter a decepção de ter uma mulher duma loja de bebês atender do outro lado da linha o que deveria ser a voz de um velho amigo.

Ao nascer o mundo é um lugar bem pequeno, o que facilita nosso controle, além de termos toda a sua atenção voltada a nós. Na infância o mundo se alarga e os medos são cada vez maiores, mas ainda a preocupação é menor.

Já na adolescência as pessoas começam a marcar nossas vidas de forma indelével, mas ainda permanecem como parte das nossas vidas. Já quando crescemos de vez e ficamos adultos o mundo é algo infinito e o medo passa a ser desespero, já sem os amigos e os amores para serem redes quando caímos de um prédio de 30 andares.

É triste, mas um dia, quem sabe, quando o mundo for apenas até a esquina, como pode ser quando formos bons velhinhos, todos nós possamos voltar a nossas casas e vermos quem amamos mais próximos de nós. Pelo menos não vai ter trabalho, escola, filhos, casamento, para atrapalhar. Sonhar um instante pelos bons tempos de adolescência não paga nada e não machuca ninguém.

terça-feira, janeiro 03, 2006

Ano Novo, Blog Velho

Se alguém estiver lendo isso, receba uma saudação minha muito especial. Bem, resolvi retomar este blog que é o mais “novo” e o mais abandonado. Já que não quero criar outro, nem ficar ressuscitando morto (refiro-me aos meus outros dois blogs: Texto, Artigo, Poesia, etc. e Soot na Stars) achei melhor reaproveitar este trabalho.

Quando criei o Diários do Cotidiano queria escrever crônicas, pequenos contos que pudessem tratar da minha vida, assuntos engraçados, pitorescos, chatos, tristes, enfim, tudo o que compõe a tragédia de uma existência humana.

Mas, devido aos meus textos imensos e minha preguiça em escrevê-los, larguei o projeto aos poucos, até ficar totalmente sem tempo em 2004 por causa da conclusão do curso de Jornalismo e, em 2005, pela pura preguiça e mudanças de rumos dos ventos que guiam este navio-fantasma pelo oceano.

Porém, agora é 2006 e resolvi pôr em prática o retorno deste blog que eu sempre ressenti por não ter completado um trabalho legal aqui. Nos outros já mencionados blogs eu tenho uma atividade extensa e duradoura, compondo um cenário rico de minha personalidade e de meus pensamentos. Mas aqui ainda não.

E neste instante que as coisas parecem ficar tudo como estão, por mais que eu tente mudá-las, além de um certo tempo que tenho a mais para divagar, a oportunidade acena com um sol no fim do horizonte. Por isso, cá estou.

Mas quem lê isso pode acalmar suas vistas, pois não pretendo escrever livros aqui. Minha idéia é transformar isso realmente num diário, com impressões, pensamentos, análises, divagações, sonhos, olhares, tudo vindo de minha cabeça e de todos os meus bilhões de sentidos.

Tudo, obviamente, condensado em doses homeopáticas, mais para brincar com a linguagem internética e desabafar um pouco as coisas que me preocupam, me inquietam, já que os amigos estão cada vez mais distantes, com suas próprias vidas para cuidar.

Mesmo assim, ainda estamos aqui. Então, vamos tocando nossa vida do jeito que temos forças para tal. Grande abraço e que 2006 eu, através desse blog, seja uma companhia agradável a todos que, por ventura, o lerão. Já que não posso estar perto de todos, pelo menos em letras o farei neste espaço. Espero que em menor tamanho das próximas vezes.