segunda-feira, abril 30, 2007

Divagações

Olá amigos. Nessa segunda-feira quebrada pelo feriado vou postar uma poesia que escrevi no metrô dia desses e que só agora tive tempo e coragem para digitá-la e colocá-la aqui. è um verdadeiro mix das sensações que experimentei na última semana, provocadas pela meu problema renal, principalmente as fortes dores e o a sensação de dependência que você vive em situações como essa. Eu disse a um amigo hoje: sou tão sensível que qualquer coisa que eu viva acaba por influenciar fortemente a minha cabeça. No caso, a doença e o desespero com a dor foram o mote para mexer minha mente e rememorar as agruras que a proximidade impotente da morte pode fazer com a gente. Aliado a isso, a reflexão sobre a morte que vive me atormentando de tempos em tempos, gerando dificuldades enormes na minha vida. O meu medo da morte ( e não necessariamente de eu morrer) é tão intenso que me trava em alguns momentos e prefiro não pensar. Mas com esse problema todo que tive, não tive outra alternativa senão remoer meus temores e pensar na inevitabilidade da morte em nossas vidas, modificando todo o panorama que traçamos para nossa estrada dos anos.

Para completar de bagunçar tudo, um sonho, que parecia tão real, acabou por aturdir meu emocional e me derrubar em tristeza nos útlimos dias. Eu, já debilitado pela recuperação do rim e do estômago que também "atacou", me vi lamuriando novamente depois de tempos, agora sob a égide de um novo nome, uma nova criatura, um outro coração, uma personalidade, um corpo, uma cor, um cheiro, um jeito, um caráter, todos novos e que eu não consegui deixar passar essa doçura toda (só que com o problema do comprometimento já estabelecido) e me focar nas minhas coisas. A crueldade dessas situações costuma balançar minha alma, já meio baleada com o tempo. Não pedi nada a ninguém.

E ainda vem esse frio que costuma me deixar mais deprimido que o costume, mais suscetível a quedas de minha auto-estima, de meu astral. Que empurra minha confiança a níveis deploráveis, fazendo questionar até minha carreira profissional, que, na minha opinião, é a única coisa que caminha corretamente na minha vida. O dia que eu colocar em cheque, definitivamente, meus propósitos, aí sim a coisa vai ficar feia. Mas enquanto minha tristeza não acha brechas para me derrubar nesse campo, ela ataca, com toda a sua melancolia, o lado mais escuro da minha vida, que eu não consigo resolver e sinto que está sacramentado permanecer do jeito que está até o fim de meus dias. Por que tem que espezinhas essas coisas? Há momentos em que eu relevo tudo e sigo adiante. Mas, em outros instantes, como esses feriados longos e frios, minha alegria desce junto a temperatura.

E o resultado disso tudo é uma poesia um tanto quanto maluca e soturna, mas também repleta de mensagens codificadas, indicando que, no fim das contas, eu faço como o Marcelo Bonfá, ex-baterista da Legião Urbana, escreveu numa canção dele com o Gian Fabra (ex-músico de apoio da Legião nos shows): "Muita coisa que eu digo é apenas para mim". Ou seja, o que eu escrevo nessas poesias diz respeito só a mim e é meio que como uma mensagem de apoio ou compreensão para mim mesmo. Mas claro que, se alguém perguntar alguma coisa do texto, eu respondo. Eu digo que isso ocorre mais de uma forma natural, que eu tento explanar o que esotu sentindo, mas sem me desnudar por completo, pois,s e uma coisa que eu aprendi é essa: não devemos nos mostrar totalmente. Eu não ligaria em mostrar, mas como o ser humano é complicado, e às vezes vil, é difícil você ser sincero em tempo integral, como gostaria de fazer e como deseja que todos o fizessem.

Bem, abaixo está a poesia, espero que consigam entender algo ou que absorvam pra si próprios alguma coisa. É só uma mensagem, como todo e qualquer texto. É a necessidade do ser humano em dizer o que sente para as outras pessoas. Isso sempre existiu. Abraços.

Amiga Morte

Ó morte, prazer em conhecê-la
Nunca caminhei por estes jardins enegrecidos
A dor me trouxe à inércia da dependência
A letargia dos homens perante a doença prova nossa fragilidade.

Ó morte, velha inimiga a quem nunca entendo
Por que tenho tanto medo de ti?
Alguns a compreendem
Eu prefiro fugir e tardar a dor
De perambular sem os pilares que me sustentam
Nessa contradição chamada mundo.

Sentir o gosto amargo de nada poder fazer
Dói mais do que se eu fosse direto ao seu encontro
Será que vou embora sem sentir isso de novo?
Ou o sofrimento ficaria de lado
Ao menos uma vez?

Ó morte, porque não indica um outro caminho
Onde os prazeres sejam parceiros dos amores
Onde não precisemos depender de joguetes para a felicidade
Onde o amor não traga todo o sentido necessário
Mas que o sonho noturno não seja mera casualidade.

A vida deve ser sentida em todos os momentos
Até você chegar e me levar daqui
E me mostrar que tudo não passou de experiência
E dizer que ainda não acabou
E começarmos um novo tempo, juntos.

25 de abril de 2007 – 8h08.

2 Comments:

Blogger Priscila Tieppo said...

Boa poesia, Herrero! Gostei!
Realmente tem coisas que escrevemos e que só fazem sentido a nós mesmos...o medo da morte, esta única certeza de nossas vidas, me faz lembra aquela frase do poema de Cecília Meireles: - Só sei que um dia ficarei muda e mais nada...

Bjos
Pri:0

10:48 AM  
Blogger Unknown said...

Oi Pri, valeu a visita e o recado. Com certeza, isso ocorre mesmo, aliás, eu acho que só escrevo pra mim. É que muitas sutilezas do dia a dia a as pessoas não percebem, enfim. Bacana a citação, eu tento não pensar muito e seguir minha vida. Quando eu tiver que saber, que seja. Beijo!

11:25 PM  

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