terça-feira, setembro 07, 2004

O mar = a mor

O Mar. Ah, que saudade eu estou do mar. As pessoas próximas do meu redor já devem estar de saco cheio em ouvir isso, mas é uma realidade: eu estou com saudades do mar. Eu tenho uma relação muito própria com ele quando estou na região litorânea do estado de São Paulo, isso porque nunca fui numa outra praia além das daqui. Quando chego lá a primeira coisa que preciso fazer é ver o mar, a linha do horizonte e mandar um terno beijo e saudá-los, mesmo à distância ou à noite, informando que eu havia chegado.

Já no dia seguinte, pela manhã, na praia, fico sentado na parte da areia (ou bebendo uma cerveja, ou lendo um livro, ou simplesmente olhando as mulheres passarem, admirando as crianças brincarem, etc.) e presto a atenção no mar. Olho os surfistas lá longe, a meninada com os pais um pouco mais no meio e no raso os bebês e crianças menores fugindo com medo da água. Principalmente quando estou com uma cerveja é ótimo, pois aía viagem fica completa, apneas observando o mar, o sol.. dá uma sensação no peito prazerosa, uma felicidade interna muito grande...

Nisso eu vou para a água. Vou ter com o mar um contato mais íntimo, de bate papo sobre como estão as coisas com ele, como eu estou, trabalho, amor, amigos, família, não necessariamente nessa ordem e vamos lá, entre mergulhos, nados, tropeços e quedas, uma certa relutância minha em deixar a onda passar por cima e a irritação dela em me jogar contra o fundo, me lembrando que o respeito e a submissão em relação ao mar tem que haver sempre, como todo bom pescador sabe muito bem, afinal, é de lá que ele tira o sustento.

É no mar que eu esqueço de mim, quem sou, quem fui, o que faço, o que deixo de fazer... a água limpa todas as impurezas de minha mente e alma e eu me sinto sempre leve e feliz quando saio de lá. Na verdade é um processo complicado: eu vou lembrando de tudo o que tem me acontecido, do passado longínquo, das dores atuais, alegrias, desamores e eu sempre fico triste ali.. nada muito sério, mas bate uma depressãozinha, um sentimento de impotência perante o mundo e a minha própria vida. Acabo por cantar canções quaisquer, só para passar o tmepo e eu ficar mais lá no mar. Sempre lembro de Vento no Litoral, por motivos óbvios, e acho que lembro de Galapogos - que está tocando agora, não por acaso - e possui um clima tão ou melhor que a música legionária.

Na verdade eu fico muito triste por rememorar as dores de minha vida, os amores não-correspondidos, as chances parcas e pocuas desperdiçadas e eu olho hoje como se tivessem sido a última. O meu grande amor que foi embora por entre os dedos, ou pelo destino. O amor desegano, aquele que você crê a pessoa gostar de você, quando ocorre o contrário. Você chega ao cúmulo de lembrar de quando tinha 6 anos e adorava uma menina chamada Tatiana, sem saber que ela gostava de você e tímido, você mal falava com ela. Lembra da Elaine que estudou há vários anos no Octacílio contigo e que brigava com ela só para chamar sua atenção (já contei essa história em outro blog). E de outras, não muitas outras, mas em períodos recentes, mas que são reocmendáveis o silêncio para estes casos, até porque a maioria deles eu já falei - só ver o exemplo que desenterrei no último post.

Me parece uma terapia individual, ou melhor, dupla: eu e o mar abrindo o jogo, sendo sinceros um com o outro de forma que ninguém, nunca, foi e nem será comigo, com ou mar ou com ninguém nesse mundo. Ali num tinha motivo para fingir ou esconder sentimentos: erámos eu e o mar, numa respeitosa quietude, a conversar e liberar os traumas de vida e morte.

É certo que cada vez que revisito o mar tenho menos coisas para contar, talvez por isso a conversa fique, às vezes, chata e tediosa, pois o disco não costuma mudar. Mesmo assim é um momento rico e que eu sempre saio renovado e certo de meu presente e meu futuro, pela compreensão de meu próprio passado. Por isso mesmo é que estu com saudades de lá. De ficar de bobeira no apê alugado ou de um amigo, siie lá... Puxar um cigarro e ficar na janela olhando o céu do litoral, a serra que é outra paixão de minha vida, se deixar passo horas namorando-a... Curto ficar num quiosque tomando cerveja e apenas olhando o dia passar, sem qualquer tipo de preocupação, pensando somente no que fazer à noite, onde sair, essas coisas... nada de com quems air, pois isso não é meu departamento, pois a timidez é minha parceira em muitos momentos.

Tenho passado por conflitos generalizados em minha mente, principalmente ideológicos e quanto ao que eu desejo fazer realmente com a minha vida e, talvez por isso eu precise tanto rever meu amor platônico, o mar. Para ele me acalmar e me trazer a paz que eu não tenho na correria poluída desse céu cinza de São Paulo. Fico pensando se querer viver a vida toda numa praia coçando não seria pouco para mim, se não seria injusto com os outros, ou, na realidade, estaria eu me preocupando demais com os outros e deveria viver a minha vida e largar toda essa balela discursiva que não vemos ir a lugar algum, somente brigas entre amigos. Talvez meu espírito revoltoso de não conseguir ficar queito ao ver indignações responda isso muito em breve. Acho que é esse tipo de definiçaõq ue tenho procurado. E nada melhor que o mar para ajudar nisso.

Uma pena eu não poder ir agora. O jeito é trabalhar, tomar ar, fechar os olhos e "mergulhar" fundo nessa pirâmide de trabalho e responsabilidades. Tem hora que dá vontade de assumir meu medo e jogar tudo para o alto e esquecer de TCC, de trabalho e ir correndo para meu velho e bom amigo mar. Saudades de você, meu filho, espero revê-lo após toda essa insanidade findar. Até lá, é o que mais desejo. Abraços.

ps: queria por umas fotos aqui, mas como não sei fazer isso, dá umt rabalhão danado, fica par a próxima. Uma pena. Achei fotos tão lindas de pasisagens praieira ao redor do mundo inteiro. Se vocês soubessema dor que dá olhar essas fotos, essas paisagens maravilhosas, são simplesmente coisas que não dá para descrever, assim como meus sentimentos de presença com a natureza, que são intensos.

sábado, setembro 04, 2004

O Reencontro

Nossa, como isso aqui está empoeirado... faz tanto tempo que não escrevo aqui... e nem deveria, agora, pois estou cheio de coisas para me preocupar e fico aqui, jogando tempo fora de escrita e neurônios quando poderia começar as páginas de meu longo e intenso livro-ensaio-reportagem sobre a social democracia e as mutações sofridas pelo partido dos trabalhadores ao longo de sua história... tinha também como começar a escrever uma matéria para terça pro site do padre, ´sobre caminhada, legal, aproveitar o feriado, saca? mas enfim, cá estou aqui, contando as horas para ir no show do Los Hermanos encontrar amigos da internet de alguma data... e de algumas histórias... boas, ruins, mas histórias... isso é o que importa: ter histórias para contar, muitas e variadas, sempre ter histórias...

Encontrei uma nova para contar... nem esperava essa, mas é legal.. reencontrei a Maisa... mas alguém vai perguntar: que raios de Maisa é essa? Bueno, essa foi minha namorada há uns tempos longínquos, fazem bastante tempo, eu diria... nem tanto assim, mas enfim... foi realmente uma pessoa que eu dediquei todo o meu amor e minha dor e na desmesura de uma paixão a gente sempre perde o termômetro né, pelo menos nas primeiras vezes.. esse é o "mal" de ser intenso toda vida... com as porradas a gente aprende... mas não é por isso que estou falando, isso é passado, apenas história, uma boa história, apesar de tudo... coisas boas é o que a gente costuma lembrar, apenas...

MAs encontrei-a pra pegar um livro do Renato Russo meu que havia ficado com ela (fazem uns 3 anos isso), além de um espírita que era uma fase que eu lia esses troços (tenho 3 livros, 2 emprestados-sumidos).. ela esqueceu o espírita, o que não fará nenhuma falta... queria mesmo era o do Renato... sei lá porque marcamos de nos encontrar só para pegar um raio de um livro... talvez porque seria deselegante falar pra enviar pelo correio, ou talvez por que Deus (se Ele existe e tem tempo de interferir nessas coisas) quis que nós revíssemos só para saber como estávamos, já que existimos enquanto duas pessoas em uma por um tempo, mesmo que escasso... longe da barreira de um msn num tem como fugir às aparências...

Mas foi gostoso, uma hora agradável em que batemos papo sobre nossa vida, como estávamos, para onde tínhamos ido e talz... ela perguntou do Evandro (que é o único que deve lembrar dela ao ler isto!) e prosseguimos o papo até ela ir embora, atrasada como sempre, a um compromisso do priminho dela... sempre deixando de ir nos cursos, no inglês, na faculdade, pelo cansaço de trabalhar muito e tudo o mais.... tem coisas que não mudam mesmo! hehehe... bem, foi legal, não me senti constrangido, muito menos embaraçado, a não ser uma hora ou outra... afinal, parecíamos dois desconhecidos né, tanto tempo sem contato legal, fica uma coisa esquisita... ou aqueles primos que há muito não se vêem e resolvem "por a conversa em dia"... as lacunas são terríveis, mas foram poucas, ainda bem.. eu aprendi a ter desenvoltura quando o terreno me é apropriado... ao menos assim eu consigo falar das minhas coisas e do meu novo e esquisito jeito louco de ser com as pessoas... meio cara de intelectual, meio cara de sério, cara de comunista, ou cara de nada que lembra coisa alguma...

o mais engraçado é que tínhamos combinado de nos encontrar no shopp. eldorado, pinheiros, zona sul de SP, mas ela teve que ir trabalhar e acabamos nos vendo no shopp. paulista, jardins, zona sul de SP, próximos de locais onde conhecíamos muito... a avenida paulista, eu diria, foi nossa cúmplice por alguns meses... não o shopping propriamente dito... mas sim onde passamos, a praça enfrente o shopping, a calçada em frente ao Bradesco onde aconteceu o primeiro beijo... o ponto de ônibus da primeira vez que ficamos demorou mais de hora e foi tão bom porque pudemos ficar mais tempo e eu tremia que nem vara verde, sabe-se lá porque.. talvez pelo peso de uma vida ter saído de cima de mim, de saber finalmente que alguém retribuía de coração o que meu coração sentia, acho que fi isso... porque o que eu tive antes.. eu não tive.. então posso dizer que foi uma primeira vez real, palpável... lembro que ficávamos horas esperando passar o ônibus, afinal ela mora longe pacas.... e dessa vez eu só a deixei no ponto porque ia a caminho do metrô brigadeiro e a deixei para trás a caminho duma banca de jornal para comprar um Carlton, pois, subitamente, tive vontade de fumar... nem sei se ela reparou isso e nem sei se ela lembra de td isso.... umas coisas marcam mais em algumas pessoas, até pelas circunstâncias óbvias da vida de cada um e eu sei porque lembro muito bem de tudo isso... que nem velho que só teve uma única alegria na vida, o sue trabalho, e vive falando de "como era bom naquele tempo"...

sei que foi divertido no final das contas, saí de lá leve, fiquei feliz em perceber sua alma leve e tranqüila, feliz... mais linda do que a conheci antes, com uma alma alva, resplandecendo luz e alegria à sua volta... realmente fiquei contente... ela tá namorando com o mesmo carinha que ela me disse logo um mês depois que terminamos que ela começou a ficar... diz que fazem planos, apesar de não se ver ainda casada.. mas é assim mesmo, ninguém nunca se vê casado, só quando se casa mesmo é que tem a noção da coisa.. que o digam meus amigos Fernando e Christian... hehehe... velhos de guerra...

depois desse encontro até resolvi não ir para casa.. fui no pão de açúcar da avenida Brigadeiro Luís Antônio para resolver uma necessidade fisiológica rápida e tentei ir até o vão do Masp para estudar, mas tive preguiça (foi o cigarro que amoleceu meu corpo) e voltei pro metrô.. achei uma mureta do lado duma entrada do metrô que estava fechada pelo final de semana e fiquei lendo o Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels, e voltei para minha vida atual, normal, de trabalho, reflexão, estudo e apenas isso... não me arrependo e nem estou triste, afinal, foi este caminho que eu escolhi, até por ser (por incrível que pareça) muito mais fácil do que enfrentar a vida... na verdade, é outro enfrentamento que pretendo ter com a vida, em outro nível... aos frustrados o que é deles... aos heróis e lutadores também... vou seguir o meu caminho.. por um lado, como um eterno frustrado... e por outro, eu espero, com minh'alma plenamente feliz...