sexta-feira, abril 27, 2007

Obrigado, de nada

Na última quarta-feira eu tive uma agradável surpresa que me deixou sem ação e com vergonha de mim mesmo. Entrava eu no ônibus rumo ao Morumbi com o fone de ouvido soltando rugidos sonoros, quando o cobrador, um rapaz jovem se sombrancelhas grossas e pretas, causando uma impressão esquisita, mas bem simpático, balbuciou alguma coisa.

Só que eu, na minha erma ignorância, olhava para a máquina que valida o Bilhete Único para eu passar pela catraca que não autorizava minha passagem, e nem reparei no que ele dissera. Só depois que fui reparar que ele repetia a mesma frase a cada pessoa que passava pela catraca: "Boa noite", dizia ele de forma educada.

Minha cara foi ao assoalho do ônibus em segundos. "Pombas, o cara deu 'boa noite' e eu nem respondi", pensava eu. Tarde demais. A viagem já durara alguns minutos e ficaria estranho eu pedir desculpas pela não-resposta e dizer tardiamente o cumprimento.

Vi que algumas pessoas respondiam, até com simpatia e bons olhos, a galhardia do rapaz de simplesmente falar algo que não estamos acostumados a ouvir das pessoas que costumam esbarrar por nós no cotidiano, ou que nos (mal) atendem nos coletivos e demais serviços. Me resignei e fiquei contente em ver uma bela cena daquelas, apesar de minha falta de tato com a situação.

É legal você perceber que ainda há pessoas que dão atenção a esse tipo de coisa, ainda mais nesse mundo tão individualista, egoísta e pouco cortês que brigamos, mais que vivemos, hoje. Só quem mora em megametrópoles como São Paulo sabe do que estou falando. Aqui a maluquice e a corrida contra o relógio, pelo próximo trem, para pegar aquele ônibus antes do outro, impede qualquer tipo de comunicação agradável. Infelizmente.