terça-feira, agosto 19, 2008

Aquele cheiro de fumaça...



No momento em que escrevo estas linhas nos aproximamos das 3 horas da tarde, com o carro a 100KM por hora na Rodovia Anhanguera, ainda distante pelo menos uma hora de Franca, mas perto de Ribeirão Preto. Sim: estou com o notebook ligado no banco do passageiro, ao lado do meu chefe. É a verve de quem ama escrever que clama para eu testemunhar a quem lê estas palavras. Já estamos na estrada há mais de três horas e meia, com direito a uma parada para almoçar as 2 e pouco. Como eu dormi tarde e acordei cedo pra deixar tudo em casa organizado e as coisas do trabalho encaminhadas, sinto um certo cansaço. Até porque, não gosto de fazer viagens longas, me desgasta e me irritam bastante. Mesmo assim, está interessante.

Não venho a estas paragens há apelo menos 15 anos (na verdade, não lembro a data ao certo, mas sei que é mais que isso), quando era garoto e minha avó Josefa (mãe da minha mãe Leonor) morava com meu avó Miguel e meus tios José e Luiz (todos falecidos) em Cravinhos, um pueblo muy pequeño (não dá pra chamar de cidade, esse termo em espanhol cabe melhor), há cerca de 30 minutos de Ribeirão Preto, conhecida cidade pujante do Nordeste paulista (correção: num tem nada de Noroeste, burro! na verdade, meu chefe também é, ele que disse e a besta aqui não confirmou) – neste momento aparece uma placa indicando que estamos a 16KM de Cravinhos.

No máximo, cheguei a ir a Sorocaba e Itu, cidades muito próximas de São Paulo, ah, se tanto, 2 horas de carro e não para onde estou indo. Ah, esqueci de dizer, vocês ainda não sabem. Estamos indo pra Franca, cidade que fica a 400KM da capital paulista e, portanto, com tempo mínimo de viagem de 5 horas. O que eu venho fazer aqui? Acompanhar o padre Juarez de Castro em três eventos, para o site dele e para o Comunicação Católica, até sexta-feira, quando voltamos para São Paulo.

Trata-se de um momento de relembrar desse passado bacana, quando jogava futebol de botão com meu tio Luiz naquele chão vermelho que eu esqueci o nome agora (ele era o único que jogava comigo), quando eu via minha avó depenar galinha com água fervente (e eu nem me tocava no que realmente aquilo representava), comer arroz com ovo escorrendo aquele líquido amarelo no arroz e no feijão, fazendo aquela mistura que eu adorava tanto e que hoje eu mal suporto ver. Meu avô sério, cara de espanhol, reunindo todo mundo a mesa, mas um tremendo brincalhão com as crianças. Meu tio José e seu temperamento explosivo (depois eu descobri que ele tinha problema com drogas), mas que gostava de mim pra caramba e minha mãe me diz hoje que pareço fisicamente com ele e também no trato com ela.

Durante todo esse tempo vendo mato verde, pastagens, plantações de todo tipo e asfalto com seus caminhões enormemente assustadores, o clima pacato imposto também por esse letárgico e intenso calor, as casas simples, o comércio de beira de estrada, eu consegui identificar a minha maior lembrança do período de Cravinhos, lá pelos meus 8, 9 anos, acho. Não é nada dessas coisas que eu vi hoje, ou mesmo que lembrei nas palavras acima. É, na verdade, o cheiro de queimado de fogueira, aumentado pelo sol forte, que eu senti hoje quando nos aproximávamos de Cravinhos. É aquele odor característico de cana de açúcar queimada (antes ou depois de cortada, não sei) que predomina no ar.

Desde criança, cada vez que eu sentia a presença da fumaça em minhas narinas, mesmo na Cohab, onde cresci, me trazia uma nostalgia que eu não sabia do que advinha. Nas viagens do ano passado à Sorocaba e Itu eu também achava que era coisa maluca da minha cabeça. Mas agora, nessa passagem rápida por Cravinhos (são 15h30 e estamos a pouco mais de 80KM de Franca), em que fiquei um tempo tirando foto e tentando achar o trevo de Cravinhos, onde o ônibus que ia para Ribeirão (o laranja e preto Rápido Ribeirão, adorava esse e os salgadinhos e iogurtes da viagem, minha mãe não gostava da Viação Cometa “porque ele corre muito”, dizia) deixava os passageiros (isso mesmo, não havia, e pelo que me informei, não há rodoviária) eu compreendi que essa saudade é de um tempo de calmaria, em que eu só tinha a obrigação de ser criança e me divertir, mesmo que isso fosse difícil numa cidade tão pequena – lembrei que eu me irritava em passar mais de uma semana, pois não tinha nem criança quase para brincar.

O que fica são as lembranças. Mas que bom que tais lembranças remontaram à coisas saborosas da infância. Um tempo que nem foi tão bom assim, mas que teve, na acolhida da família Rodrigues (sobrenome do meu avó e motivo de eu me chamar Rodrigo) e Cape (sobrenome da minha avó), um momento gostoso que vai ficar guardado, no meu coração e registrado, para todo o sempre e nesse texto.

domingo, agosto 17, 2008

Autoramas!

Autoramas é simplesmente do caralho. Por duas razões básicas: o som é roqueira da boa e as letras, bem, as letras... ah, precisa explicar? Mesmo? Uma frase vale mais que mil páginas, diria Confúcio. hahaha...

Prefiro ilustrar, e, para isso, publico uma delas. Sintética, brilhante.

Ressaca Moral

Eu sei o que você fez na noite passada
Eu sei o que você fez na noite passada
Eu sei o que você fez na noite passada
Eu sei o que você fez na noite passada

Ressaca moral
Ressaca moral
Ressaca moral
Ressaca moral
Ressaca moral
Ressaca moral

Atualização às 22h45

Estou com uns relatos bacanas pra escrever aqui, mas falta-me tempo. A semana foi bastante corrida, estou bem atribulado. Além disso, esta semana ficarei alguns dias fora de São Paulo, trabalhando, por isso, não sei quando terei tempo pra escrever um post legal, até porque não sei se terei acesso fácil à internet no período. Mas, enfim, vamos ver o que consigo. Hoje não escrevo, porque tô bem cansado e esse ato me desgastaria bastante (e vocês sabem que não consigo escrever pouco, me empolgo, costuro um fato no outro...), coisa que não posso agora, pois amanhã será um dia agitadíssimo, de muita coisa pra fazer em pouco tempo. Mas prometo que logo trago novidades curiosas para este Diários do Cotidiano, buscando inspiração em outros blogueiros-jornalistas que escrevem coisas bacanas e me motivam a fazer algo parecido. Boa semana!

segunda-feira, agosto 11, 2008

Que estresse!

São quase nove da noite e eu em casa, tranqüilo, há algumas horas já, só no preparo da janta (a panela de pressão apita, ainda tenho medo desse troço, trauma da minha mãe, que nunca viveu um estouro de panela, mas sempre falou disto), bebericando uma cerveja no meu copo de chopp recém comprado, enquanto escrevo estas linhas. Essa cena nem se assemelha ao estresse e correria que vivi hoje.

Fui mais tarde ao trabalho para ver um pouco das Olimpíadas e também fazer um serviço externo de registro de obras que só eu sei fazer lá (e não gannho nada a mais por isso) que só abre às 10h - órgão público é uma beleza. Cheguei na pretensão de não ficar até a noite, pra poder ir à PUC começar a ler a bibliografia indicada de um processo seletivo que vou prestar aí (em breve mais notícias sobre).

Muitas tarefas na produtora (nada comparado à quinta, só coisas internas): tratamento de fotos, revisão de texto de estagiária, organização de planilhas de programação do site, etc. Às 13h eu estava nervosíssimo de tanta fome e fui almoçar bufando. Comi rápido pra poder voltar logo e fazer as coisas, mas tendo que passar antes na nova agência do Itaú que abriu ali pertinho e transferir a conta pra lá - fica tudo mais fácil, pois a outra é anos-luz da produtora, nem ônibus direto tem, precisa depender da boa vontade de alguém pra ir lá.

Chegando na dita cuja, o gerente me atende bem e faz o pedido de transferência, me alertando, no entanto, por uma coisa: "aqui aparece tem uma pendência no SPC de 20 reais , o senhor sabia?" Claro que não, obviamente. Me assustei, conversei com ele, que me indicou o que era, etc., e me orientou a pesquisar pela internet. Fiquei mais fulo do que já estava, realmente, a segunda-feira só prometia.

Subi bufando pra produtora, pesquisa na net, mas essas informações não são fornecidas pela web, é preciso ir até o posto de atendimento. Acelerei as coisas mais urgentes que tinha por fazer (coitada da estagiária) e às 15h rumei pro centro, em direção ao Serasa, no Viaduto do Chá.

Chegando no endereço, uma fila enorme na entrada. Me informei com o último da "cola" que confirmou ser a fila do Serasa: "deve estar cheio de gente, pra ter essa fila". Não deu outra: uns 20 minutos só pra entrar no prédio. Depois, mais uns 30 minutos de suplício numa cadeira estofada. Deu pra reparar várias pessoas, indignadas, exaustas, perdidas, aguardando os monitores que, do alto, imperiosos, anunciavam o código de 4 números e uma letra, mais o guichê que a pessoa devia se dirigir. É angustiante a espera, ainda mais por algo que você tem a ccerteza que não está errado.

Não deu outra: quando chamaram meu número (2473-B), apresentei meus documentos e "nada consta", a atendente proferiu. Expliquei o motivo de ter ido até ali e ela, de forma sismpática: "o senhor já foi no SPC? Fica na rua Boavista, 60". Do alívio para o terror: "outro lugar pra ir?", pensei. A moça completou: "fica aberto até às 17h30". Olhei no relógio e eram 16h50. Sorte que não era longe, em 10 minutos já estava em nova fila, esta menor, para receber a informação de uma atendente cansada e de cara amarrada, que nem respondeu ao meu "boa tarde" (tudo bem, de manhã, o atendente do registro da Biblioteca Nacional não respondeu ao meu "bom dia", depois eu quem sou o mau-humorado), nem me disse nada, pegou os documentos, emitiu o papel que acusava o débito e só respondeu, secamente, minha pergunta do que eu deveria fazer: "no papel tem o telefone de onde o senhor deve ligar".

Reparei que era da Net a "dívida". Saí mais indignado ainda, quase correndo pra ligar lá e resolver esta querela, com vontade de xingar o primeiro atendente que ouvisse. Depois de passar pela Barão de Itapetininga e comprar uma tesoura meia-boca por R$ 1,99 (finalmente posso cortar minhas unhas normalmente, só espero que ela agüente minhas unhas dos dedões, quase refugou na primeira "cortada") e comprar 5 latas de Antarctica pra acompanhar a noite de jantar - afinal de contas, pelo adiantado da hora, a idéia de ir à PUC tinha ido pro vinagre -no Dia (no Econ aumentou, manés, tem outro mercado do lado), fui pra casa e liguei pra Net.

Depois do cara fuçar o cadastro e se tocar que nada podia fazer, porque o valor era de fevereiro e havia ido pra cobrança (7 minutos no limbo, ou no lixo, como o leitor queira), ele me passa outro fone, com um adendo intrigante: "o senhor pode ligar a cobrar nesse número". Quase o mandei as favas pelo comentário, imaginando que ele pensara que eu não teria dinheiro pra pagar, já que não quitara a tal dívida. Mas tudo tem explicação nesse mundo maluco.

Liguei a primeira vez no novo número e fiquei uns 3 minutos ouvindo: "Seja bem vindo ao mundo dos nets, aguarde que já será atendido". Aí fui entender o porquê do "ligar a cobrar". Liguei e foi mais uns 10 minutos, por aí. Já tinha cansado de deixar o fone no ombro pra ouvir menos aquela mensagem idiota,a lém de ter resolvido fazer outras coisas no computador, quando uma atendente com sotaque nordestino, compreensiva e educada, atendeu, expulsando aquela porcaria de mensagem gravada.

Conversamos, argumentei do porquê da Net não ter enviado correspondência a mim, avisando da cobrança, que era retroativa a poucos dias que o aparelho esteve por desligar antes de eu me mudar da casa de meus pais (e como aqui onde resido não chega cabo da Net, tive que cancelar), ela explicou tudo e perguntou se eu queria receber a conta por e-mail ou correio. Clamei por ser por e-mail pra me livrar dessa droga logo. Agradeci-a pelo atendimento, vi a conta no e-mail e fui no caixa eletrônico da loja de conveniência do posto de gasolina próximo daqui e paguei essa droga, me livrando por completo.

Mas que dor de cabeça e raiva passei hoje! Não desejo a ninguém. Você ter o nome "sujo" por algo que não é culpa sua? Dá até vontade de fazer uma reclamação no Procon. E eu vou pesquissar como faço, pois esse, no mínimo, "deslize" por parte deles, não pode ficar assim.

quinta-feira, agosto 07, 2008

Dia corrido e divertido

Hoje foi um dia corrido. Acordei cedo, mas fiquei em casa vendo o jogo da Argentina contra a Costa do Marfim, enquanto fazia algumas coisas do meu trabalho. Já na produtora, depois de fazer umas coisinhas, eu, a Samantha (estagiária) e o Theo (como fotógrafo) fomos para a Expo Católica, lá no Expo Center Norte, cobrir o evento e, principalmente, o lançamento da Campanha da Fraternidade 2009, cujo tema é Segurança e Fraternidade, focando, principalmente, no tema da Segurança Pública. Foi tão importante que até o ministro da Justiça, Tarso Genro, esteve presente.

Eu fui mais para dar um suporte pra Samantha, já que é complicado você entrar numa fria dessas, com secretário geral da CNBB (pra quem não conhece, a CNBB é o principal órgão da Igreja Católica no Brasil), o coordenador da campanha, secretário adjunto de Segurança Pública do Estado de São Paulo, o Cardeal Arcebispo de São Paulo, etc., autoridades e mais autoridades que intimidam quem tá começando a trilhar o caminho, né? Fui e foi o maior prazer.

Depois que acabaram os pronunciamentos (enquanto ela pegava as falas, eu fui andar pela feira de negócios católicos para analisar outras oportunidades, afinal, se já tem um fazendo uma coisa, minha cabeça ta em outra), toda a imprensa laica foi pra cima do Tarso Genro pra repercutir com ele as declarações sobre a revisão da Lei da Anistia, um papo que ta em voga essa semana na imprensa. Afinal, tu acha que alguém tava preocupado com a a campanha lançada pela igreja? Os repórteres, cinegrafistas e fotojornalistas queriam era pegar Genro. E o prensaram bonito. Quando eu vi que ia formar o bolo de gente já falei ra Samantha: “já tem o suficiente pra tua pauta?”. Ela disse: “Sim, acho que sim”. Eu falei: “Tu vai querer pegar o bolo ou não?”. Ela: “Que bolo?”. Eu: “Aquele bolo de gente se formando ali, vão todos pra fazer perguntas, vamos lá”. E fomos.

Foi divertidíssimo. Assim que foi encerrada a solenidade, um caminhão de repórteres foram pra cima do ministro de Estado, que se prontificou a responder tudo, apesar de ter dito de cara: “só sobre a campanha”. De que adiantou, né? Trouxe a Samantha para uma área que ela poderia esticar o braço com seu gravador e aí foi aquela aventura, gente empurrando, um caos. Até liguei meu gravador só pra sentir o gostinho de estar na bagunça, no qual fui prontamente repreendido por um câmera: “Abaixo a mão ae”. Hilário. Abaixei, mas continuei ali. Ela, com seu tamanico, teve até ajuda de um repórter que segurou o gravador mais perto.

Depois saí do auê e pedi pra Samantha encerrar, até porque, o foco das perguntas eram outro fora a campanha. Talvez se ela ficasse ali até o final, não achei que ninguém fosse falar daquilo (depois vi no site da Canção Nova uma resposta dele, enfim, comer bola acontece). Fomos atrás dos religiosos pra falar da campanha. Tinha comes e bebes (quanta coisa gostosa!) e já indiquei pra ela a fonte que ela mais queria falar e ela foi, enquanto o fotógrafo e eu ficamos a comer.

Ao cabo da solenidade demos uma volta na exposição pra fazer a segunda pauta do dia (a da campanha gerou porque rolou no evento, a pauta principal era – era, não é mais – a do evento) e indiquei pra ela falar com o arcebispo de SP, estimulei-a pra isso. Aí ela foi e fez. Bacana a iniciativa dela. Tu fala pra ela ir na lama, ela vai. Gente que quer mesmo aprender e fazer algo é outra coisa. Muito bom. Dali eu tive que ir embora por conta de uma consulta. Mas minha missão já acabara, que era dar o suporte pro “eventão” da campanha. A pauta da exposição era mais fácil. Então, eu segui o caminho da roça, debaixo de uma chuva torrencial na zona norte de São Paulo.

Bom é que (seção passem vontade!) ao menos agora eu tô aqui tomando um vinho que ganhei, numa taça gigantesca que também ganhei, após comer um macarrão com um molho saborosíssimo que fiz com um extrato de tomate que ficou aberto, de quando eu fiz meu primeiro strogonoff. Como é bom fazer coisas novas!