segunda-feira, abril 02, 2007

Viagem a Itu

No último sábado eu estive em Itu para fazer umas gravações para um piloto de um programa de TV que estou tocando e também para outro programa de TV, este já existente, chamado Momento de Fé. É, podem rir. É do padre Marcelo, vou fazer o quê. De qualquer forma, o programa está sendo retomado e comigo na frente das coisas, também, logo, estamos buscando coisas mais legais, meu chefe e dono da produtora, que cuida desses programas, tá empenhado em fazer algo decente, então dá mais ânimo para eu correr atrás e dar o sangue com ele.

Aí surgiu o convite para eu acompanhar as gravações no fim de semana, dormindo numa fazenda perto da cidade com parte da equipe, sendo que a outra voltaria de carro. Saímos de São Paulo lá pelas nove da manhã, pegando a Marginal Pinheiros. Um sol de lascar já enchia os prédios e avenidas da capital paulista, enquanto que no carro tocava música country que meu chefe gosta. Eu, que não sou besta, meti meu mp3 player no talo e fiquei ouvindo Rage Against the Machine, porque eu estava com uma sensação ruim dentro de mim – fiquei sabendo instantes antes que um amigo do trabalho passa por problemas sérios – e queria afugentar os fantasmas de mim.

A coisa foi amenizando enquanto engolíamos asfalto pela Rodovia dos Bandeirantes, ganhando terreno rumo à Itu. Um cenário bucólico de morros verdes, cheiro de mato e eucaliptos cortados pelo negro da pista e pela velocidade absurda dos automóveis. Já eram mais de 10 da manhã e o calor incomodava pacas no carro. Depois de mais um tempão pela outra rodovia, a Marechal Rondon, com a peculiaridade de haver muitas pedras por todo o cenário de morros, chegamos em nosso destino. Visitamos um grupo de terceira idade de mais de 850 idosos que faz diversas atividades (capoeira, dança, tai-chi chuan, etc.) e apresentou um número sobre a Nossa Senhora Aparecida bem legal. Para o programa né. Eu mal assisti. Estava na rua, sob um sol de rachar, montando um texto, tipo diário de viagem, para publicar no Portal do padre. Fiquei apenas cinco minutos debaixo do sol e comecei a passar mal, tal o calor fazia na cidade.

Dali a gente partiu pra fazer umas passagens com o Pereira, novo colaborador do programa de TV, que tem uns contatos no mundo sertanejo de raiz e vai ligar isso com a religiosidade do povo interiorano pra fazer matérias pro programa. Aí ficamos um tempão gravando com ele, enquanto eu tirava fotos da praça, do orelhão e do semáforo gigantes, da igreja matriz.

Depois almoçamos, conversamos um pouco e fomos pra captação de mais algumas imagens (tanto para a TV, com a câmera, quanto para o site, com a máquina fotográfica), fachadas de igrejas, ruas, pontos turísticos, curiosidades, etc. Ainda tomamos um sorvete (meu chefe gosta de comer e adora fazer paradas) antes de fazermos a última passagem do dia, numa das entradas de Itu, que tem um portal bacana. Depois de mais de meia hora gravando, errando, tentando, com o Pereira, conseguimos uma passagem sem erros ou interrupções e partimos para a fazenda que eu e o câmera iríamos dormir, porque no domingo ia ter uma outra gravação, com uns violeiros que iam se apresentar na missa do Domingo de Ramos. O gancho é que no lugar tem uma capela que reúne parte da comunidade da região nas celebrações católicas

Afastada da cidade, a fazenda fica a cinco quilômetros da estrada, só que numa passagem de terra desgraçada. Solavancos, barrancos, descida, subida, curva, chacoalho, incrível. Apesar de tudo isso chegamos ao armazém, que centraliza a passagem da fazenda à outras localidades, só que com um baita problema: o filho de um dos violeiros morrera e, por isso, dois deles não iriam à celebração. Eu já achei que ia abortar a nossa estada ali mesmo. Mas nada ficara decidido porque meu chefe e o produtor haviam ido até o mercado comprar uns quitutes para eu e o câmera passarmos a noite, já que no local não havia comida – meu chefe comprou até cerveja pra mim, que beleza! O dono da fazenda queria chamar outras pessoas pra “cobrir” os violeiros, mas não seria verdadeiro né, soaria falso. Após mais de meia hora meu chefe chegou e botou fim na discussão: voltaremos dia 15, numa outra festa que haverá na fazenda, e filmaremos tudo. Assim é mais justo com todos, principalmente com o telespectador, não é mesmo? Eu já tinha pulado fora faz tempo, mas preferi deixar pra quem paga tudo, afinal, eu estava muito cansado, ainda brigava com os mosquitos que atacavam o meu corpo urbano e que desejava apenas encostar num canto. Azar o meu. Ainda tínhamos uma longa viagem de volta à São Paulo.

Por mais que Itu fique a apenas 88 quilômetros da capital, a estrada de terra percorrida no breu total, mais a rodovia que parecia muito mais longa que na ida, além da insistência do meu chefe em fazer uma parada para o café no meio da viagem, a transformou em uma travessia gigante. Ao menos o som melhorou: Rush, Black Sabbath, Van Halen, AC/DC, por aí que rolou no Ipod do carro. Ufa! Curti mais, tomando suco de caixinha pra matar a sede, já que o produtor fez o desfavor de botar as garrafas de água no porta-malas. No meio do caminho, a mulher do chefe liga e avisa que cai um dilúvio em São Paulo. Por sorte, ao chegarmos na capital, a chuva já passara e o caminho até a produtora foi tranqüilo.

Lembro apenas que ainda cuidei de algumas coisas no trabalho, peguei carona no carro do câmera e demorei mais uma hora de metrô até chegar em casa e começar a escrever pro site, cuidar das fotos e, lá pelas 23h30, publicar todo o material no Portal, movido as três latinhas de Bavária que meu chefe havia comprado. Fazia tempo que não bebia Bavária, mas valeu a pena. Se tivesse mais, teria ido pro balaio. Sei que foi um dia bastante cansativo, mas foi divertido sair da rotina e me matar de um cansaço produtivo. Até a próxima! Aliás, essa próxima talvez seja uma descrição de folga, o que será, no meu ponto de vista, muito melhor descrevê-la! Espero ter pique e assunto pra continuar esses relatos. Até lá!