terça-feira, junho 26, 2007

Uma constatação

Ultimamente eu tenho ouvido o Descobrimento do Brasil e ele, além de dar uma força bacana a superar alguns obstáculos de momento, também me deixa um tanto quanto tristonho (se alguém se alegra ouvindo “Vinte e Nove” ou “Os Barcos”, vai se danar!), por perceber que vou, como Renato Russo, ter que viver sozinho daqui pra frente.

E essa não é uma constatação agradável, eu diria. Acredito que o Renato também não gostou, daí eu levo a entender tudo o que ele passou naqueles anos. Só espero que eu não viva a metade do sofrimento que ele teve de enfrentar por causa daquilo. Os 10% que até o momento me cabem já me doem bastante.

A cada momento que isso bate na mente, o coração responde lá debaixo chorando. É um tanto quanto duro e meio dramalhão. Claro que não fico lamuriando por aí essas coisas, mas são pequeninos sinais que recebo aqui e ali a respeito de tudo isso, sobre ficar sozinho, não conseguir se dar bem, não ter o que se quer, se contentar com pouco, com o estar próximo, sentindo a dor de querer algo mais, mas não ter o que fazer para alcançar isto.

Uma frase de “Os Barcos” resume tudo isso: “É dor, se há, tentava, já não tento”. Porque, até por não ver algum horizonte, desanimar e não querer mais vislumbrar a possibilidade de se arriscar e se machucar mais uma vez, justamente por já antever que o filme não será diferente. Nunca mais.

É aquilo que está posto em “Vamos Fazer um Filme”: “Viver é foda, morrer é difícil, te ver é uma necessidade”. O cara que escreve isso merece uma estátua! Viver realmente é complicado, morrer ainda mais, e ver a pessoa que você gosta é como o açúcar no café, o ar para o ser humano, a água para quem tem sede. “Dai-me de beber que tenho uma sede sem fim”. Privar-se disso é tirar a própria vida. Mas, o que fazer para reverter isso, ou, até mesmo, mudar essa situação para si? Se eu tivesse as respostas, não faria as perguntas.

Como aquela outra que sintetiza bem os dias atuais: “E hoje em dia, como é que se diz eu te amo?” Pode parecer besta, porém, as relações humanas estão tão descartáveis hoje, que, até essa frase não é vista de maneira positiva e prazerosa de se pronunciar. Ninguém gosta de utilizá-la, pois a acham forte demais para ser dita a outrem. Isso revela um desapego ou um desejo de manter distância até de quem se gosta.

É triste demais isso. Vai ver que é pra se decepcionar menos. Mesmo assim, não deveria ser desta forma, se você gosta, não deveria haver problema em ser sincero e expor seus sentimentos; as pessoas devem se amar, sem pensar no amanhã. Mais uma lembrança: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há”. E não há mesmo.

Eu só queria poder cantar a próxima frase um dia: “E no meio de uma depressão, te ver e ter beleza e fantasia”. E transformar um dia escuro de tristeza e solidão em arco-íris e sol de alegria e sonhos. Algum dia. Apenas isso. Enquanto isso... “Só nos sobrou do amor a falta que ficou”.

Texto escrito nos dias 20 e 23 de junho.

quarta-feira, junho 20, 2007

Viagem a Curitiba



No último fim de semana eu tive a maravilhosa oportunidade de visitar pela segunda vez este ano a cidade de Curitiba. E foi a passeio, nada de ida e volta num mesmo dia, dentro de escritórios com ar-condicionado, em reuniões longas e cansativas.

Graças aquelas promoções da Gol, em que a passagem é vendida a 50 reais, algumas pessoas da produtora resolveram ira para a capital paranaense e me chamaram para ir junto. A Ione, produtora dum programa lá, o Márcio, que edita num outro programa de TV, e o Junior, que trabalha comigo no site. Rumamos para Curitiba na última sexta-feira, logo cedo e ficamos lá por quatro dias, voltando apenas segunda-feira à noite.

Foi bastante divertido. Andamos bastante. Comemos muito. Bebi pra caramba. E praticamente apenas Bohemia. Oh vidão! Na sexta a gente rodou muito pleo centro da cidade e depois partimos para um pôr do sol no jardim Botânico, com direito a muitas fotos engraçadas. É mais legal ir acompanhado, dá pra rir bastante. À noite a gente comeu uma pizza mais ou menos num lugar perto do hotel onde ficamos, que é na frente da Rodoferroviária local.

No sábado se juntaram à gente alguns parentes da Ione que moram em Campo Largo, uma cidadezinha próxima à Curitiba. Passeamos com aquela Linha Turismo, que passa por todos os principais pontos turísticos da capital do Paraná, podendo visitar até quatro lugares por quanto tempo quiser, por módicos 15 mangos. Vale a pena, é como cada passagem valendo 3 reais cada viagem. À noite a gente passeou pelo centro, até chegar na Feira do Pinhão, que fica numa praça chamada Osório, bem distante do hotel. Curitibano não sai de casa. É incrível. Pouca gente nas ruas e, quando deu 22 horas, a feira acabou.

No domingão eu consegui falar com meu chapa Luiz Rebinski (no sábado já tinha tentado, mas nos desencontramos), grande jornalista que colabora para o Rabisco e é gente finíssima. Toma uma cerveja que é uma beleza. E fala bastante também, ótimo! Passar as horas com ele me faz realmente querer morar em Curitiba. Se todo mundo tiver a sinceridade, a educação e a simpatia dele, dá vontade de abandonar a correria, a maldade e a ignorância paulistana e ficar nesse tipo de ambiente.

Liguei para o Luiz às 10 e pouco da manhã (acordei o coitado) e fui pra casa dele, pra combinarmos onde íamos. Pena que a esposa dele não estava lá (trabalha em Campinas no momento), ela também é muito gente boa. Depois dele tomar café e se trocar, e eu ver as gatinhas dele, a gente partiu pelas ruas do centro, rumo ao Largo da Ordem, onde tem, todos os domingos, uma feira de artesanato e outras bugigangas, lotada de turistas e nativos. Paramos num barzinho bacana, com mesinha pra fora, bem legal. Pena que só tinha Sol para tomar, mas foi ela mesmo.

Ficamos um tempão lá. Tanto que acabei desistindo de ir à Arena da Baixada ver Atlético-PR x Fluminense, que era o meu sonho. Mas estava tão legal e ele ia ver o jogo com seus cunhados na casa dele, que a gente passou no mercado, comprou uma caixa de Antarctica e uma carne pra assar na grill dele e ficamos por lá. Sei que parti pro hotel lá pelas 21h.

Foda é que dormi no ônibus e parei num terminal longe pacas do centro. Vi por um mapa que tinha lá. Comi uma coxinha (afinal, não tinha almoçado, nem jantado, devidamente), uns chocolates e me informei dum ônibus pra voltar pro centro. Consegui, encontrei o resto do pessoal que tinha ido a outros lugares e fomos dormir.

Na segunda, depois do café, fomos para o Parque Barigui, considerado a praia dos curitibanos. Muito bonito lá, com lago, pista de cooper. Estava um sol danado. E como o parque tem muitas áreas abertas, sofremos. De lá, apanhamos para achar um ônibus de volta ao hotel.

Mesmo assim, conseguimos almoçar uma gostosa comida mineira num restaurante do Shopping Estação. Como tínhamos muito tempo ainda para embarcar – só às 21h30 – e as malas ficaram no hotel, com a diária já expirada, assistimos Shrek Terceiro no cinema do shopping. Filme legal, nada demais, passou o tempo, ao menos.

E assim acabou nossa viagem, divertida à beça, relaxante, com aquele enorme gosto de quero mais, uma vontade imensa de voltar e ficar mais tempo, conhecer outros lugares que não deu tempo, passar mais momentos naqueles que gostamos, ficar mais com os amigos, fazer novas amizades, enfim, aproveitar e curtir um pouco a vida, que não é somente trabalhar e ficar estressado. Espero voltar em breve para lá, pois, eu posso confessar sem problema nenhum: Eu amo Curitiba!

sábado, junho 09, 2007

Essas suas mentiras

Essa poesia eu escrevi dia desses no meu caderninho, no metrô, enquanto ia par ao trabalho. Mas eu mudei muita coisa agora, antes de publicá-la. Tirei uma porrada de coisas e inseri outras. Não gostei dela, achei-a boba, repetitiva, sem acrescentar muita coisa.

Aí a refiz, mas não achei bacana não. Vou mantê-la, porque a idéia era legal, baseada nesse título, relacionando-a com uma canção do primeiro disco do System of a Down. mas não deu certo. Ao menos tem uma mensagem, por mais desgastada e esgarçada que esteja.

That Your Lies

Rios vermelhos de sangue flutuam pelo ar
Chuvas de raios percorrem o solo
O tempo parou e o horizonte escureceu
Não há esperança deste lado.

Por que o céu não pára de rodar suas nuvens sobre nós?
Do alto eu vejo tudo sujo
Aqui embaixo só o que há são luzes
E ziguezagues perdidos, caminhos desfeitos.

Você consegue acreditar no que eu sinto?
Você crê na verdade? Qual verdade?
Suas mentiras destroem tudo.

Terremotos enviam sinais bem claros
Vulcões despertam seus mares de enxofre
Tudo não passa de uma grande loucura
Tudo não passa de uma destruição sem fim.

Toda as noites eu me vejo sozinho
Em lugares que eu não gostaria de estar
Fazendo coisas que eu não queria fazer
Sem saber como lutar para mudar
Alguém quer mudar?

Você consegue acreditar no que eu sinto?
Você crê na verdade? Qual verdade?
Suas mentiras destroem tudo.

23/MAY – 09/JUNE.

segunda-feira, junho 04, 2007

Um furacão de Pernambuco sacudiu a capital paulista na última semana


Eu tenho tanta coisa pra escrever e tão pouco tempo e espaço para me expressar. A correria e as obrigações do cotidiano oprimem a gente de uma forma tão grande que é difícil se concentrar para escrever algo solto ou mesmo encontrar alguns minutos para pesquisar alguma coisa na Internet, fuçar arquivos antigos, relembrar bons momentos.

Por isso que a idéia desse blog é contar histórias, relembrar momentos, fazer reflexões sobre a vida e o tempo. Claro que tudo voltado à minha pessoa, pois, se nem eu me conheço direito para escrever as besteiras que produzo de vez enquando, imaginem se eu quisesse falar dos outros? Então, o que eu posso fazer, é contar minhas peripécias e dos que estão próximos a mim.

Falando nisso, na última semana um furacão de Recife esteve cá por estas bandas carrancudas e barulhentas. A minha amiga Ana Lira, editora do Rabisco, esteve em São Paulo para participar de um congresso sobre história da mídia e aproveitou para passear por aqui, visitar lugares, rever pessoas, como este que vos tecla.

Foram bem divertidos os dias que rodamos juntos. A moça gosta de cultura por demais e me deixa tonto com tanta exposição pra ver. Na sexta-feira, dia 25, tirei folga do trabalho para buscá-la no aeroporto e dar uma mão com as malas e essa coisa toda. Fomos de um lado ao outro até achar a Pousada dos Franceses, perto do av. Paulista, onde ela ficou por 10 dias, comemos sanduíche com frios na av. Brigadeiro Luís Antônio, e, no fim do dia, fomos até a Unicid, onde Ana e eu fomos convidados – pela nossa amiga Priscila Tieppo, colaboradora do Rabisco – a conhecer e conversar com um grupo de estudantes de Mídia Radical.

Bem, os estudantes não estavam lá em sua maioria, mas os que lá estiveram assistiram uma aula de Ana, que mostrou que em Recife sim as coisas acontecem, as pessoas buscam alternativas de comunicação e consomem e fazem cultura. Foi bem legal ver os contrapontos e sacar que a vontade acadêmica precisa ser superada pela prática ativa da rua e pelo pré-conceito de classe pra chegar a algum resultado positivo.

Depois fomos ao shopping Tatuapé, onde a Ana ia comprar umas roupas de frio, pois em Sampa tem feito um inverno filha da mãe. Enquanto ela escolhia, eu tomava cerveja no andar de cima. Fiquei bêbado de tanta cerva em copos gigantescos, até ela escolher apenas uma calça. Mole?

No sábado, dia 26, meu aniversário, fomos (eu, Ana e Priscila) a Pinacoteca do Estado ver umas exposições e no Museu da Língua Portuguesa ver a exposição temporária sobre Clarice Lispector. Fenomenal. Se bem que, em minha ressaca, eu só conseguia resmungar e mal olhar as coisas, enquanto atendia o celular de tempos em tempos, com “parabéns”. Nesse ínterim, um farto almoço num buteco da Luz que Ana adorou e eu não sei como ainda estou vivo, depois de ter experimentado a feijoada do lugar.

Caminhamos até a região do Anhangabaú para encontrar meu chapa e fotógrafo Black, conhecido também como Thiago, para tomar umas cervejas deliciosas no Marajá, ali na rua Martins Fontes, início da rua Augusta. Priscila foi embora depois de um tempo e a gente rumou para o shopping West Plaza, que Ana queria, enfim, comrpar sua blusa. Ela foi na C&A e a gente foi na praça de alimentação comprar um chopp de 2 litros para nos deliciarmos. O orkut prova o tamanho da bicha.

De lá eu me despedi de Ana e Thiago e me encontrei com Daniel e Elaine, amigos dos idos da faculdade e com a prima de Laine, Tati, já conhecida de nossos passeios culturais e baladísticos. Fomos a uma festa dum amigo da Elaine e, de lá, partimos pra FunHouse, onde dancei a noite inteira e tomei umas cervejas. Foda nesse lugar – além da bebida cara – é entrar no banheiro. Na madruga ou os casais se trancam para uns amassos e outras cositas más ou algum bebum se entope na privada e é preciso arrombar a porta para entrar. Mas curti pra caramba, conversamos muito, dançamos muito e nos divertimos demais. Cheguei quase 7h da manhã em casa.

Domingo também eu estava podre. Tinha encontro com o pessoal do Rabisco e eu só fui porque sou muito “Caxias”, como dizem. Mas ninguém foi e Ana e eu ficamos de bobos no metrô Trianon-Masp. Minha amiga pernambucana ia para um “filme de arte” e uma peça teatral de um amigo que encontrara por acaso na av. paulista, pela manhã. Ela queria que eu fosse, mas, meu estado lastimável fez com que ela disse: “vai pra casa, Ro”. E eu fui. Vi o resto do jogo do São Paulo contra o Palmeiras e capotei no sofá por umas duas horas, morto de casaco.

Encontrei Ana dois dias depois, quando assistimos a Orquestra Sinfônica da USP na Sala São Paulo. Muito bom. O lugar é lindo e Ana pode conhecê-lo. Vou escrever uma matéria para o Rabisco sobre este espetáculo. Vale a pena. Ruim foi o frio que estava do lado de fora. Deu dó da recifense. Hehehe... Foi uma das noites mais frias do ano e, quando saímos às 23h, realmente estava frio demais, ventava muito ali na rua Mauá, enquanto a polícia militar montava guarda no asfalto com suas armas, poses e expressões ostensivas.

Só fui vê-la novamente no domingo, por conta do meu trabalho e, também, do congresso dela. Fomos até uma exposição fotográfica maravilhosa que ocorre na FAAP, com imagens do rock dos anos 60 e 70 feita pelo fotógrafo Bob Gruen, verdadeira figurinha carimbada nesse meio daquela época. Lá tinha também uma exposição de quadros de Alice Brill, que vimos, eu já com os olhos exaustos de ver tanta coisa. Depois passamos pela Galeria Vermelho, na rua Minas Gerais, que estava fechada e, por fim, nos despedimos na av. Paulista, pois eu estava cansado e de ressaca (novamente, esse mês de maio eu me superei), enquanto que Ana ia para mais uma exposição, na Caixa Cultural do Conjunto Nacional.

Saudade dessa amiga recifense. Ela já foi pra casa e, a essa hora, está retomando sua corrida maluca naquela que é considerada a “Veneza brasileira”. Só sendo brasileira mesmo, porque Veneza... Mas, enfim, eu queria ter 30% de sua disposição pra ver as coisas que ela acompanha quando vem pra cá e vejo com ela e que eu não tenho paciência quando estou sozinho. Isso me dá ânimo pra fazer as coisas que desejo e adio e pra ir a lugares que pretendo mais que quero. Até uma próxima vez, Aninha.