terça-feira, janeiro 29, 2008

All Things Change

É, as coisas realmente mudam. Tu acha que tudo está ok e, de repente, as coisas acontecem e você tem que ter força de um tiranossauro rex pra permanecer em pé feito uma rocha.

Primeiro, a novidade boa: sábado eu faço a mudança e começo a morar sozinho, no Largo do Arouche, centro de São Paulo. Depois de tanta batalha pra achar um local legal, as coisas deram certo e vou morar numa quitinete, pagar pouco e realizar meu sonho de morar no centro. Perto de tudo, dos bares, dos teatros, dos cinemas legais, da vida paulistana boêmia que ferve à noite. Mais perto do trabalho, mais distante do estresse de chegar até ele. Mais próximo do curso de espanhol e de uma possibilidade de USP em 2009.

Enfim, é uma bela aposta. Que dá medo, sou sincero. Ontem, quando peguei as chaves e fui medir o espaço pra tacar minhas coisas, olhei praquele lugar vazio e me dei conta que semana que vem o preencherei comigo, apenas e tão somente comigo. Deu pânico, desespero, medo. Espero que isso não me trave. Agora, só penso em contas, utensílios domésticos, elétrica, butijão de gás, carreto, entrega de máquina de lavar montada e usada, puff (porque não vai ter sofá, já aviso), um milhão de esperanças percorrendo meus poros e um zilhão de dúvidas vagando pela minha cabeça. É um passo bem diferente do que costumamos dar quando escolhemos a namorada, o curso da faculdade, o carro, os amigos. Morar sozinho é um passo no escuro, sem ninguém para te pegar do outro lado. É você e mais ninguém. Por isso é tão excitante e assustador.

Segundo, uma paulada braba: adeus site do padre Marcelo e quase eu fora da produtora. É, o site acabou-se de uma hora pra outra por uma série de situações que não cabe aqui mencionar e eu tenho corrido sério risco de perder o emprego. Justo agora que tenho uma casa pra cuidar. Mas é foda. Sorte que tenho um chefe bacana que vai me segurar. Não sei por quanto tempo. Por isso tenho corrido atrás de outros projetos lá dentro que podem rolar (muitos, inclusive, bolados por mim em parceria com gente boa lá dentro), enquanto aguardamos a correria do chefe que tem que se virar pra fazer a coisa andar bem lá. E eu atuando junto, pois temos tudo pra fazer o lance crescer lá, precisamos andar de mãos dadas. E eu tenho visto que vai bem. Espero só que as coisas não demorem muito pra acontecer, porque precisamos de uma base bacana pra seguir. Porque a coisa ficou feia.

Terceiro, outra pancada: Essa fica meio complicada de dizer, porque envolve pessoas. Digo apenas que o soco foi forte na boca do estômago, quase vomitei. hehehe... Engraçado eu encarar isso com humor, vai ver tou desencanando. É que quem eu gosto me renegou, largou o namorado antigo e foi namorar com um camarada meu, bem diante dos meus olhos. Tive uma prova de fogo hoje cedo, de tirar o chapéu. Mas tudo bem, vamos levando. Não tenho o direito de me prpeocupar com quem não tá nem aí comigo, ainda mais agora com os dois primeiros pepinos para administrar. E outra: ninguém tem culpa de nada. Que sejam felizes, assim como espero que eu também seja.

Digo apenas que estou sendo testado esse ano. 2008 tá foda!!! Pra ser bem direto. Meus nervos, alma coração e mente estão sendo exigidos full time e em condições astronômicas. Mas, de que adianta ficar encarafunhado dentro dos cobertores, ainda mais com essa chuva e frios convidativos, enquanto as coisas acontecem lá fora? Tenho uma casa pra cuidar, amigos pra ver, família pra viver, trabalho pra correr atrás, sem falar nos estudos, que estou retomando meu projeto de pesquisa pra tentar um mestrado pro ano que vem. E ainda tem uma possibilidade de colaborar, de graça (isso fode), numa revista bacana aí. Deixa rolar que eu falo melhor. Fora o Rabisco que deve voltar em breve. Tenho encarado tudo bem. Meu amigo Daniel, que fica boa parte do dia comigo na produtora, tem dito isso. Até porque, não dá tempo de doer. Posso sentir um pouco, mas logo vem outra bordoada e tenho que prosseguir. E as coisas tão caminhando, de forma atabalhoada, mas estão. Quem disse que seria fácil? Claro, não precisava ser tão difícil. Mas tudo bem. Agora é a hora de crescer e ser forte, como diz a canção "Be Strong Now", do James Iha.

You've got to be strong now!!!

sábado, janeiro 26, 2008

Contra a frase feita

Num arroubo de saco cheio de ler tanta frase feita que nada diz e pouco faz em nossas vidas, em questões práticas, resolvi escrever algo, que resultou em dois poemas. Leiam e digam para mim o que acham da temática. Critiquem, se quiserem, fiquem à vontade, não ligo. São apenas palavras. As suas. As minhas...

A Frase Feita

Acordou cedo, se arrumou, tomou café
Abriu seu caderno de anotações
E tirou mais uma frase feita para aquele dia
“Viva o seu dia como se fosse o último”.

Saiu de casa, começou a chover
Tomou a lotação repleta
Caiu na calçada com a porta aberta
Chegou no trabalho sujo e sem o que dizer.

Pesquisou na internet outra frase para levantar seu astral
“Não perca as esperanças que tudo vai dar certo”
Sentou-se no almoço, mastigou a marmita
Fervida, sem sabor, e pensou que poderia ter um grande dia.

Trabalhou duro, ouviu xingamentos do chefe
Foi embora com o salário atrasado
Passou na padaria, tomou um pingado
E na porta de casa foi assaltado por um moleque.

Desolado, queimou o caderno de frases feitas
Mandou aquela concepção sentimental às favas
Não mais sonhos perdidos em textos dos outros
Só queria acabar com aquele sofrimento.

A lua caiu, a noite chegou e o sono foi o remédio
Para desfazer o narcótico daquelas palavras de tédio
Que engessam a vida em expectativas vãs
Quando quem faz o ontem, o hoje, o amanhã, somos nós.
E não as frases feitas.

25 de janeiro de 2008


A Frase Feita 2

Tenha fé que tudo vai dar pé
Faça isso, não faça aquilo
Tenha esperança que as coisas vão melhorar
Se hoje não está bom, amanhã estará melhor
Viva os momentos deliciosos
Enquanto morre na maioria da ampulheta chata e estressante do cotidiano.

Fazer é acreditar, acreditar é fazer
Toda essa tolice já deu no saco
Quero um lugar onde ações não são palavras
Onde objetivos não são desejos
Onde resultados não são esperanças.

Objetivo não é dizer que há luz em fim de túnel
É fazer com que a esperança floresça a cada amanhã
Com atitude, disposição, vontade transformada em ação
E não desejos guardados em conversas de bar ou em “orkuts”.

Chega de ler que devo viver, sonhar, fazer, ser
Eu tenho que fazer tudo isso, ontem, hoje e sempre
E não fugir em palavras ditas por algum idiota
Que quer se afastar da realidade
Inventando sonhos, expectativas
Quando tudo que vivemos é tão triste e errado
Se você quer mudar, não diga que é preciso mudar
Faça com que as coisas se modifiquem, melhorem, agitem
Essa é a melhor lição, mais do que palavras vazias retiradas de sites de internet.

26 de janeiro de 2008

domingo, janeiro 20, 2008

Ça ira! Ça ira!

Acreditar é fazer, fazer é acreditar.

Observação de Karl Marx constante no manuscrito da obra "A Ideologia Alemã":

"O santo pai da Igreja experimentará grande surpresa quando precipitar-se sobre ele o dia do julgamento final, aquele dia em que tudo isso se cumprirá. Dia em que a aurora será feita do reflexo no céu das cidades em chamas e onde ecoará em seus ouvidos, em meio às “harmonias celestes”, a melodia da Marselhesa e da Carmagnole acompanhada do rugir dos canhões, com a guilhotina marcando o compasso; o dia em que a “massa” infame gritará o Ça ira, Ça ira e suspenderá a “autoconsciência” através dos postes de luz".

Hino da Internacional Comunista

Letra: Eugène Pottier (1871)
Música: Pièrre Degeyter (1888)

De pé, ó vitimas da fome
De pé, famélicos da terra
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra

Cortai o mal bem pelo fundo
De pé, de pé, não mais senhores
Se nada somos neste mundo
Sejamos tudo, ó produtores

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Senhores, patrões, chefes supremos
Nada esperamos de nenhum
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum

Para não ter protestos vãos
Para sair desse antro estreito
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós diz respeito

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Crime de rico a lei cobre
O Estado esmaga o oprimido
Não há direitos para o pobre
Ao rico tudo é permitido

À opressão não mais sujeitos
Somos iguais todos os seres
Não mais deveres sem direitos
Não mais direitos sem deveres

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Abomináveis na grandeza
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha

Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu
Querendo que ela o restitua
O povo só quer o que é seu

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Nós fomos de fumo embriagados
Paz entre nós, guerra aos senhores
Façamos greve de soldados
Somos irmãos, trabalhadores

Se a raça vil, cheia de galas
Nos quer à força canibais
Logo verás que as nossas balas
São para os nossos generais

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo
Pertence a Terra aos produtivos
Ó parasitas deixai o mundo

Ó parasitas que te nutres
Do nosso sangue a gotejar
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

domingo, janeiro 13, 2008

Todo mundo é uma ilha...

Bem que eu gostaria de escrever mais aqui do que tenho escrito. Desde ontem abro o blogger.com, boto a página principal do blog num outro navegador, fuço os posts antigos, pra ver se consigo alguma inspiração, qualquer assunto que me faça ter vontade de escrever e falar das coisas, sei lá o quê. Mas falar...

Porém, não encontro nada. Me sinto vazio para escrever e expressar o que sinto. Não sei o que sentir. Ainda há resquícios de um passado próximo que insiste em bater à minha porta. Só preciso ficar atento para que esse pretérito não entre em meu coração novamente. Creio que não, mas às vezes fustiga. Sinto outras coisas percorrerem meu corpo, novos desejos, prazeres intensos, vontades difíceis de serem satisfeitas. Mas tudo bem, tenho bons amigos que me ajudam a passar o tempo.

Exemplo disso foi o reencontro, na última sexta, do quarteto ex-facul: eu, Daniel, Laine e Mari. Como essas gurias são divertidas e, quando a agente se junta, o dia fica mais alege, o papo rola solto e as preocupações vão longe, mesmo que falemos de algo sério. Sinto uma leveza sob meus pés, pois tudo o que precisamos vivenciar é prazer pela companhia (já que é complicado nos vermos sempre) e paz por não ter que fazer pose ou ter postura. Precisamos ser sosmente nós mesmos, pois nos conhecemos há tempos e a diversão fica como obrigação. Adorei bater papo num buteco comendo mandioca frita e tomando Original, e depois ouvir jazz no Sarajevo, mesmo com a cerveja a 6 paus e um sono gigantesco, pelas poucas noites dormidas na volta ao batente. Ninguém queria ir embora, mas uma prova da Laine no dia seguinte obrigou o retorno mais cedo. Uma pena. Mas foi trilegal, mesmo assim. Bem, ao menos este post serviu para lembrar e homenagear esses amigos queridos.

Passei um fim de semana sem nada pra fazer (um almoço familiar que teria sábado foi cancelado, infelizmente), somente arrumar algumas coisas aqui e coçar. Ah, e ver uma primeira prova dum documentário que estou fazendo uma ponta, ajudando em algumas coisas, não muitas, reconheço, mas estou lá, sei lá porquê também. Minha vida está meio bagunçada, indefinida, enquanto não dou o passo definitivo, que todos sabem, mas prefiro comentar mais depois que tudo der certo. Após a concretização do sonho, que, às vezes, dá vontade de desistir, de tão duro que é alcançá-lo, eu tenho outros pontos importantes pra ver, principalmente no que tangem meus estudos e meus objetivos de viagem para o ano que vem, que estão, ambos, entrelaçados.

Ao menos ganhei uma boa notícia: minha irmã vai tirar férias e março e chamou pra uns dias de descanso num fim de semana. Provavelmente em São Roque, a meu pedido, hehehe... Por conta da pousada do Sindicato dos Professores. Tem uma no Peruíbe, que já conheço, outra é em Praia Grande, que quero distância, e outra em São Roque, minha escolha. Propus no feriado da Páscoa, assim ganhou um dia e não gasto muito pra concretizar a segunda viagem do ano. Que pode ser a terceira, se algo no Carnaval der certo. Tenho que esperar ainda, tudo depende da Laine! hehehe... Tá na tua conta, hein! :P

Pra fechar (até que escrevi algo nesse post) coloco uma frase da música que toca agora no meu note: "A Ilha", do CD Futura, da Nação Zumbi. Sintetiza bem nossa eterna busca pela paz de espírito num outro espírito.

"A carne é fraca e o corpo é uma ilha à procura do sol. A noite vem vindo e amanhã tudo de novo"

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Saudade...



Volto após um bom tempo inativo, após 15 dias de férias no Rio de Janeiro, sendo 11 dias na capital fluminense, em companhia de minha adorável e melhor amiga, a que mais amo de coração, Paulinha, e do meu grande companheiro Moa. De lá, eu e minha companheira de viagem, a Daiane, fomos à Paraty, conhecer as belezas naturais daquele paraíso do litoral carioca, quase paulista.

Foi tudo muito maravilhoso, muita alegria de passar um tempo sem preocupação, sem pensar em nada, mas projetando 2008, sem pressão, muita diversão, bons momentos para guardar na máquina fotográfica na memória, felicidade mais que tristeza. Essa única chatice é freqüente quando me despeço do Moa e da Paulinha.

A cada despedida é uma lembrança e uma saudade gigantesca que ficam. Se tem aquela história que dizem que a cada adeus um pedaço de você fica, deve ser verdade mesmo, porque eu senti isso. Engraçado que eu comentei com a Daiane na viagem pra Paraty que me dá raiva a cada viagem ao Rio, porque, a cada passagem, o que fica é a saudade de ter que deixá-los. Pouco tempo depois, vejo frase semelhante no orkut da Paulinha, ilustrando uma foto nossa. Dizer o quê de uma sintonia dessas, né? Apenas lamentar.

Preferia ter outra sintonia, no sentido de a gente estar mais próximo. Mas talvez seja dessa forma pela distância. Dizem que ela afasta as pessoas, mas acho que elas podem aproximar mais do que nunca as almas e corações em harmonia e amizade. Vai saber se eles morassem aqui se seria da mesma maneira. Quantos amigos temos por perto e não damos tanto valor/reconhecimento/amor? Só os que nos convêem mais, os que possuem mais afinidade, os que não resmungam por tanto tempo.

Sei lá. Só sei que não agüento mais tanta saudade e espero, um dia, estar um tempo maior, ou mais vezes num tempo, ao lado dessas adoráveis criaturas. Posso dizer para o mundo ler e ouvir: amo vocês, Paula e Moa.

E, ilustrando todo esse sentimento, escrevi uma poesia, cujo o nome não poderia ser outro...

Saudade

A viagem para um novo destino começa
E tudo o que resta de lembrança
É um abraço apertado, dolorido
E a promessa de um novo encontro em breve.

As lágrimas pararam nos olhos entristecidos
A dor de uma nova despedida
É consolada por novos planos, esperanças
E um por um sorriso de reconhecimento.

A paisagem vista da janela do ônibus reconforta
Enquanto acaricia o coração entristecido
O mar, as vilas, os morros verdes altos
Me fazem lembrar os bons momentos
Mas dessa vez não tive estrutura para suportar mais um adeus.

Talvez porque o amor aumente a cada viagem
Me lembro das anteriores, sempre com alguma tristeza, sinto saudade
Olhos marejados, mas de angústia de passageiro, passageira
Agora, um sentimento de perda permanece insistente.

Há pessoas na vida que fazem mais falta do que imaginam
Os instantes com elas deveriam ser eternos
Mas por circunstâncias de nossa existência
Nos dão o prazer da companhia apenas de vez enquando
Menos do que deveria e do que esta pobre alma necessita para viver.

02/01/08 - escrito no ônibus, durante viagem entre a capital fluminense e Paraty.