sexta-feira, março 13, 2015

O inesperado adeus

Ela pegou na mão dele, o abraçou e ficaram ali, inertes, por uns bons momentos. A despedia lhe doía o coração como uma faca atravessando-lhe o órgão. Nele, uma saudade daquilo que nunca teve consigo o deixava ainda mais confuso por aquele sentimento repentino ante a iminente perda.

Lágrimas rolaram pelos olhos dela, a borrar-lhe a maquiagem. Seus pensamentos ainda não estavam na nova velha vida, nas rotinas mais que conhecidas, no amor que ficou a lhe esperar, muito menos na expectativa por um mestrado que se impõe como um desafio a quem quer buscar novos caminhos. Ela mantinha a mente apenas num pensamento obtuso: eu nunca mais o verei.

Já ele se perguntava como guardava sentimento tão forte e que só fora transbordar naquele instante, ao ter confirmada a ida dela para sempre. Ao mesmo tempo, sentia que não poderia soltá-la e que o tempo parasse, pois não haveria mais modos daquele carinho ter fim.

As várias pessoas ao redor se entreolhavam curiosas e estupefatas ante aquela cena inesperada dentro da empresa. Dois quase estranhos, que se viam e se falavam muito pouco, de repente estavam abraçados, lamuriosos, diante da proximidade do adeus. "Será que eles tinham um caso às escondidas?", perguntava um. "Mas como isso pôde acontecer, ela nunca me disse nada!", cochichou, espantada, uma amiga para outra.

Enfim, chegou a hora de ir. Ela empurrou, carinhosamente, os braços dele, enxugou as lágrimas, forçou um sorriso e disse: "Tenho que ir. Nunca me esquecerei de ti". Ele apenas consentiu com a cabeça, como que se dissesse a mesma coisa para ela, roubou-lhe as mãos, deu um último beijou e a deixou partir.

Enquanto ela saía da recepção em direção às escadas, os olhos de todos voltaram-se para ele, que não deixava esconder a dor do adeus, apesar de não exibir uma lágrima. Ele sentou em seu terminal de cabeça baixa e disse, sem olhar para os espectadores: "Acabou o show, pessoal, voltemos ao trabalho".