terça-feira, maio 15, 2007

Winterlong

Faz tanto tempo que eu não escrevo neste espaço que as coisas que eu vivi nas duas últimas semanas meio que se perderam. Só ficaram a velha sensação de tristeza e o costumeiro nervosismo profissional. Eu ia postar algo no início da semana passada, porém, a proximidade e a vinda do papa ao Brasil e minha conseqüente "ralação" por alguns dias, para cobrir tudo o que acontecia lá para o site. Mas vamos tentar juntar os cacos das dessas duas últimas semanas.

No outro fim de semana aconteceu em São Paulo a Virada Cultural, com quase 400 atrações espalhadas por diversos pontos da cidade, 24 horas seguidas: das 18h do sábado até às 19h30 do domingo. E tinha para todos os gostos: teatro na praça da República, piano da praça Dom José Gaspar, gafieira, brega e MPB na avenida Vieira de Carvalho, rock na rua 24 de maio, dança no Anhangabaú, reggae e rap na praça da Sé, shows populares no boulevard São João e mais uma infinidade de apresentações nos CEU’s da vida.

Foi bem gostoso. Eu vi algumas coisas, encontrei alguns amigos, tomei algumas, enfim, me diverti como há tempos não fazia, sem desprendimento, nem preocupação, apenas com a intenção de acompanhar algo, bater papo com um pessoal que eu não via fazia um tempinho (oi Elaine!) e bebericar minha cerveja, ou até um vinho que meu amigo Daniel arriscou acompanhar comigo.

Aproveitei também para retomar minhas atividades no Rabisco. Sim. O site está, aos poucos, voltando, após passar turbulências e eu resolvi voltar a contribuir também, mesmo que, dessa vez, seja apenas na função de colunista e colaborador. Não estou mais na, digamos, alta cúpula do site, decidindo coisas, controlando e-mails, coisas burocráticas, pagando, etc. Claro que a Ana Lira sempre me pergunta coisas, pede ajuda e eu estou lá para contribuir no que der, mas desde que não seja fincada nenhuma responsabilidade nas minhas costas, pois foi isso que me desgastou nos últimos tempos.

Eu me arrisco a dizer algo inédito, colocou em risco até minha amizade com a Ana. Porque era tanto estresse e tanto problema que eu tentava resolver e a gente nunca teve estrutura para tal, que eu ficava infeliz e brigava com ela. Pena que agora a coitada ta se virando, mas, eu não tinha mais como segurar aquela barra. Coincidência ou não, depois que eu saí de lá, consegui fazer algumas outras coisas e, para ajudar, minha carga de trabalho na produtora duplicou, senão mais.

A entrada da semana passada foi um verdadeiro caos. Papa no Brasil e a correria para que tudo desse certo e a gente conseguisse cobrir o evento in loco. Só que a gente teve vários problemas e acabou que não conseguimos fazer um trabalho plenamente satisfatório.

Eu até tive uma discussão com um amigo a respeito, só que entramos numa de “eu fiz mais que você” ou “você fez para quê, não fez nada” e aí desviamos do crucial que foi a posterior constatação de que não foi um bom trabalho. Mas que, por outro lado, foi um trabalho razoável nas condições materiais possíveis. Ou seja, não dava pra fazer milagre, mesmo tendo feito o possível para que ficasse algo bom. A pouca estrutura e a desmotivação causada por alguns problemas de última hora impediram que houvesse algo melhor.

Mas eu acredito (e os leitores do site estão provando isso) que a cobertura foi boa. Quem acompanhou pelo site ficou sabendo, pelo menos, de tudo o que de mais importante aconteceu nos cinco dias de visita do papa Bento 16 no Brasil.

Só sei que trabalhei feito um condenado por várias horas, inclusive no fim de semana. Não tive sossego. Tanto que vou ver se folgo na próxima quarta-feira para me desintoxicar de computadores e coisas obrigatórias. Se bem que eu acho difícil, devo ficar no meu notebook pra retomar minha vida, afinal, na última semana elas esteve jogada às traças. Devo também revisar um conto que está pronto, escrever um artigo sobre o que está por trás da visita do papa (e que eu não pude analisar devido às condições ideológicas do local onde trabalho), escrever alguma poesia, pensar no que escrever para a próxima edição do Rabisco.

Ao menos já retomei meus dois blogs e espero não ficar tanto tempo sem colocar algo nessa tela. Estava morrendo de saudade daqui, diga-se de passagem. De verdade. Não tem porquê eu não ser sincero sobre isso, até porque, eu gosto de ser sincero, ainda mais quando posso fazê-lo 100% (como eu acho ideal) num espaço meu. Bem, fico por aqui, pois está batendo a casa da meia-noite e eu preciso dormir para acordar cedo e tocar a vida na produtora, porque minha vida propriamente dita está suspensa no ar, como todos os anos nesta época.