segunda-feira, janeiro 22, 2007

Angústia de uma viagem

Oi gente.

Abaixo envio uma poesia que escrevi durante a minha viagem de férias. Considerem que eu tinha acabado uma viagem de 9 horas de Umuarama até Curitiba, que estava cansado, com sono, há trocentos dias longe de casa, tendo há pouco me despedido de uma amiga querida, com a única certeza de que estaria sozinho numa cidade até então estranha pra mim, por mais alguns dias, um tanto quanto perdido, sem saber por onde andar, nem o hotel sabia onde estava.

E que, por mais que eu buscasse esquecer tudo e me concentrar no passeio, aquela manhã não me ia deixar sossegado, muito menos afastar a minha angústia, diante de uma rodoviária tão triste, de cenário tão desolador de despedidas e chegadas que virarão novos "adeus, adeus"...

Foi um momento deprimido dessa viagem maravilhosa que tive. Mas foi bacana, rendeu essa poesia que, ao menos parte dela, é bem legal e não chove tanto no molhado, apesar de no fim ter repetido um pouco o disco. Mas como eu queria, naquele momento, expressar tudo o que eu sentia, resolvi deixar e, praticamente, não editar o jorro confessional em forma de poesia.

Abraços.

Rodoviária

Sentado em um banco de rodoviária
Observo as pessoas que vem e vão
Sinto uma angústia bater fundo em meu peito
Só tenho a solidão para me acompanhar nessa cidade estranha.

Desconhecidos me olham com curiosidade enquanto escrevo
Mais um aviso de embarque chama o próximo ônibus
Com destino a lugar nenhum, com rumos que muitas vezes não desejamos
A voz metálica do alto-falante não pára de gritar para eu ir embora.

Pessoas caminham apressadas com suas malas
O céu mal se abriu e o cinza frio toma conta de tudo
Ainda é muito cedo e há nada o que ser feito
A não ser sentir a dor de ter deixado algo para trás
E de ter medo do que me espera pela frente.

A saudade é um sentimento inerente ao viajante
As horas passam. Não passam. Desespero. Mente distante.
Passadas em locais esquisitos, sono quebrado, chegada sem recepção
O lugar para perceber e sentir as mais diversas sensações é a rodoviária.

Desejamos voltar onde nunca fomos ou de onde não desejamos ter saído
Mas sei que tudo é fugaz, principalmente a felicidade
Enquanto que a dor, o tédio e a insatisfação persistem em durar mais tempo

Um nós insiste em apertar minha garganta
Já não há fé que me traga esperança
Tudo que tenho é a mim e essa cidade desconhecida
Longe de todos os que estimo, o que me resta é não desperdiçar essa viagem.

O que queremos perto poucas vezes temos
Precisamos conviver com o que não gostamos e aceitar o que não queremos
Mas eu queria só uma coisa agora:
Voltar a dormir no banco do ônibus e esperar essa dor passar.

Concluído às 6h36 de 02 de janeiro de 2007, na Rodoferroviária de Curitiba, Paraná.