terça-feira, janeiro 13, 2009

Copo d'água de chuva

Os pingos ameaçam entrar na minha casa ao beijarem, um de cada vez, o parapeito de concreto (externo) e madeira (interno). Troveja agressivo lá fora. Mas a chuva é branda e macia. Enfim, um pouco de refresco depois de um dia em que o calor consumiu a força de cada um de nós. Até agora estou suando, mesmo tendo tomado banho a pouco mais de uma hora. O verão demorou a chegar, mas quando veio...

Dia corrido, agitado, com definições, boas, más, trabalhosas, sessão de terapia que comprova a tese do post anterior, enfim, nada muito distinto deste início de ano batalhador e duro. O dinheiro não entra na conta. A data de vencimento do telefone, plano de saúde, das faturas do cartão de crédito se aproxima, enquanto o limite é comido vorazmente pelo banco.

A perspectiva do dia de amanhã é tão certa como 2 + 2 = 18 ou como o que vou almoçar, ou como quem será campeão do torneio de bocha da Mooca. Sei apenas de uma consulta de rotina logo cedo e trabalhos de pesquisa, análise e formatação de projeto no moribundo emprego, para quem sabe fazer com que não seja tão moribundo assim. Frila novo, de novo. Trabalho na mesma medida. Mas por tempo e grana menores.

Enquanto ainda não tenho o salário fechado de janeiro, penso no orçamento de março. Será que conseguirei viver assim quando começarem as aulas na USP? Temo que não. Mas ainda é cedo, não vou cair na tentação de me preocupar, me enervar, me estressar e passar por rabugento com coisas distantes.

Queria beber uma cerveja, mas a faringite que adquiri na última quinta me impede. Menos ela, que está quase morta, mais o tratamento para erradicá-la a base de antibióticos e anti-inflamatórios (sem hífen, pela regra nova). Enfim, o que importa é que estou a uma semana sem beber, tendo bebido apenas uma vez nos últimos 10 dias. Convenhamos, que saco!

A chuva chora em grande quantidade do céu, insatisfeita de viver junto as nuvens. Insana, prefere compartilhar o quente e selvagem asfalto sujo de nossas ruas, lavando o sangue, o lixo e os mendigos para debaixo dos bueiros. Mas ela não pensa nisso. Pensa apenas em se libertar do céu para ir com suas irmãs, em forma de filete, enxurrada, córrego, rio, para algum outro lugar. Boa noite.